Educação midiática e fake news: como educar crianças e adolescentes em tempos de desinformação?

Colagem de fotos compostas de orelhas fechadas de menina chocada bullying falso promover lavagem cerebral de culpa de ponto de mão isolada em fundo pintado

Vivemos em uma era em que a informação circula em uma velocidade impressionante – e, muitas vezes, sem qualquer tipo de verificação. São notícias, anúncios, redes sociais, TV, e-mails… a lista é interminável! E diante desse volume massivo de informações que chega até nós diariamente, uma coisa é certa: desenvolver a capacidade de analisar, interpretar e interagir criticamente com a mídia se tornou uma habilidade essencial para todos. Afinal, nem tudo o que vemos, ouvimos ou lemos é confiável, não é mesmo?!

A verdade é que, em meio a tanto conteúdo – seja ele verdadeiro, distorcido ou completamente falso -, o excesso de informação pode facilmente confundir o senso crítico até mesmo dos adultos. Agora imagine o impacto disso sobre crianças e adolescentes, que ainda estão construindo sua percepção de mundo?

Redes sociais, aplicativos de mensagens, vídeos curtos, memes e conteúdos virais fazem parte da rotina de milhões de pessoas – especialmente dos mais jovens – e moldam, em muitos casos, sua forma de pensar, sentir, aprender, se comunicar e se relacionar com o mundo.

É justamente por isso que a educação midiática precisa ganhar espaço nas escolas, nas famílias e em todos os ambientes de formação. Isso porque muito mais que ajudar no combate à desinformação, ela também promove o pensamento crítico, o uso ético da informação e a formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis no ambiente digital que, hoje, é uma verdadeira extensão da vida real.

Isso significa que, mais do que nunca, educar para o consumo consciente e responsável da informação é fundamental. E isso precisa começar desde cedo, viu?! Mas afinal, como garantir que os jovens saibam diferenciar o que é fato do que é boato? Como ajudá-los a desenvolver uma leitura crítica da informação? Vamos juntos descobrir?

O que é educação midiática?

Em suma, a educação midiática pode ser definida como o processo de desenvolver, desde cedo, o pensamento crítico em relação à mídia, à informação e suas influências na sociedade. Muito mais que ensinar a utilizar ferramentas digitais, trata-se de formar cidadãos capazes de compreender como as informações são produzidas, compartilhadas e consumidas.

Explicando de maneira mais ampla, a educação midiática envolve um conjunto de competências e habilidades que permitem às pessoas analisar, interagir, compartilhar e produzir conteúdos de forma crítica e responsável. Isso inclui questionar as intenções por trás de uma notícia, identificar fontes confiáveis e refletir sobre o impacto das mensagens no comportamento individual e coletivo, por exemplo.

Por que é importante falar sobre fake news com crianças e adolescentes?

À primeira vista, pode parecer que o tema “fake news” é complexo ou distante da realidade das crianças e adolescentes, mas a verdade é que a desinformação já faz parte do cotidiano de muitos deles – especialmente neste mundo cada vez mais conectado, onde o acesso à informação acontece, muitas vezes, sem a mediação dos adultos.

Para se ter uma ideia, de acordo com a pesquisa Tic Kids Online Brasil 2022, 43% das crianças e adolescentes não sabem verificar se uma informação on-line é verdadeira ou falsa. Preocupante, não é mesmo?! Mas não para por aí! Esse dado ganha ainda mais peso quando consideramos que, segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa DataSenado, 91% dos brasileiros reconhecem que as fake news têm o poder de influenciar a opinião pública.

Acredite, mesmo entre crianças e adolescentes, as notícias falsas têm o poder de influenciar opiniões, comportamentos e até mesmo de impactar decisões importantes. Por isso, é essencial abordar esse assunto desde a infância, promovendo o desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia na análise de conteúdos consumidos nas mídias, sejam elas digitais ou tradicionais.

Falar sobre fake news com crianças e adolescentes é, na prática, um passo importante para formar cidadãos mais conscientes, éticos e bem preparados para navegar pela sociedade on-line e off-line. É também uma forma de desenvolver valores e habilidades importantes, como a empatia, a responsabilidade e o respeito à diversidade de ideias, por exemplo. É educando sobre os perigos da desinformação e como lidar com ela que podemos criar um ambiente digital mais seguro e saudável para todos.

O papel da família e da escola no ensino da educação midiática

A formação para o uso ético e consciente da informação não pode ser responsabilidade exclusiva da escola, tampouco apenas da família. É preciso que ambas as instituições caminhem juntas na missão de preparar crianças e adolescentes para lidar com os desafios do mundo digital.

Pais e responsáveis precisam estar atentos – e muito! – aos conteúdos que os filhos consomem, conversando abertamente sobre o que veem, ouvem e compartilham. Vale ressaltar que esse acompanhamento não precisa ser rígido, mas deve ser próximo e promover reflexões que ajudem os filhos a desenvolverem critérios para avaliar o que é confiável e o que não é.

Ao mesmo tempo, a escola tem um papel fundamental na construção do pensamento crítico. Portanto, incorporar práticas de educação midiática ao currículo escolar – como a própria BNCC (Base Nacional Comum Curricular) prevê – permite que os estudantes não só compreendam como a informação é produzida, distribuída e recebida, como também desenvolvam a responsabilidade digital.

Mais que uma habilidade, a educação midiática é uma necessidade. Quanto mais cedo as crianças e os adolescentes forem orientados a identificar e combater a desinformação, mais preparados estarão para agir com autonomia, segurança e responsabilidade em um mundo cada vez mais conectado e influenciado pela informação.

Mas afinal, como promover a educação midiática na prática?

Promover a educação midiática no dia a dia é mais simples do que parece. A seguir, listamos algumas estratégias que podem ser aplicadas em casa ou na escola para ajudar crianças e adolescentes a se tornarem consumidores e produtores de informação mais críticos e conscientes. Confira!

1. Estimule a curiosidade e o questionamento

Ensinar as crianças e adolescentes a não aceitarem tudo como verdade absoluta é o primeiro passo. Em um mundo repleto de informações, é fundamental deixar claro que, como diz o ditado, “nem tudo que reluz é ouro” – em outras palavras: nem tudo que aparece na internet (ou em outras mídias) é verdade!

Estimule-os a fazer perguntas como:

– Quem publicou essa informação?

– Essa fonte é confiável?

– Há outros lugares dizendo o mesmo?

– Essa notícia faz sentido ou parece exagerada?

Estes questionamentos ajudam a desenvolver autonomia intelectual, senso crítico e responsabilidade no consumo e compartilhamento de conteúdos nas mídias.

2. Utilize exemplos do cotidiano

Uma maneira eficaz de ensinar sobre educação midiática é usar exemplos que façam parte do cotidiano dos jovens. Apresentar casos reais de fake news – como boatos que circularam nas redes sociais ou notícias falsas que ganharam repercussão – é uma ótima maneira de convidar as crianças e adolescentes a analisar como essas informações se espalham, quem se beneficia com isso e quais foram seus impactos na sociedade.

Ah, vale lembrar que o conteúdo deve ser sempre adaptado à faixa etária dos filhos ou alunos, viu?!

3. Incentive a checagem e o cruzamento de fontes

Conferir a veracidade de uma informação não é desconfiança exagerada. Em tempos de fake news, na verdade, é uma necessidade. Por isso, estimule crianças e adolescentes a não se contentar apenas com a primeira notícia que encontram, mas a buscar diferentes fontes para confirmar – e comparar – os dados. Explique a importância de consultar sites confiáveis, veículos jornalísticos reconhecidos e canais oficiais.

4. Utilize a mídia como aliada no processo educativo

A mídia não precisa – e nem pode – ser apenas um objeto de análise. Ela também deve ser uma grande parceira na aprendizagem das crianças e adolescentes. Podcasts, vídeos, reportagens, memes, redes sociais e até jogos digitais são recursos valiosos para ensinar sobre o funcionamento da mídia, a construção das narrativas e o combate à desinformação.

Além disso, ao utilizar a mídia como ferramenta pedagógica, mostramos aos estudantes que ela pode ser um instrumento de conhecimento, expressão e transformação social, desde que usada com consciência, ética e responsabilidade, é claro!

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