Como se tornar uma escola inclusiva? Confira neste guia completo!

grupo de alunos com necessidades especiais desenham em mesa com orientação de professora

A inclusão escolar é um processo que visa garantir o acesso, a permanência e o sucesso de todos os estudantes na educação básica, respeitando e valorizando suas diferenças e potencialidades. 

Uma escola inclusiva é aquela que reconhece a diversidade como um elemento fundamental no processo educativo e que busca eliminar as barreiras que impedem a participação e a aprendizagem de todos. 

Neste guia, vamos apresentar alguns conceitos e princípios da inclusão escolar, bem como algumas estratégias e práticas para tornar a escola mais inclusiva. 

Esperamos que este material possa contribuir para a reflexão e para a atuação dos educadores e educadoras que desejam construir uma educação de qualidade para todos e todas. Boa leitura!

O que é uma escola inclusiva?

Uma escola inclusiva é aquela que acolhe e valoriza a diversidade dos seus alunos, respeitando suas diferenças e necessidades educacionais. Ela busca promover uma educação de qualidade para todos, sem discriminação ou exclusão. 

Um ambiente escolar inclusivo reconhece que cada aluno é único e tem potencialidades a serem desenvolvidas. Nesse sentido, a instituição adapta seu currículo, sua metodologia e sua avaliação para atender às demandas de cada estudante. 

Além disso, estimula a participação e a colaboração de todos os membros da comunidade escolar, criando um ambiente de aprendizagem acolhedor, democrático e solidário.

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Plano Nacional de Educação e a Educação Inclusiva

O Plano Nacional de Educação (PNE) é um documento que estabelece as diretrizes, metas e estratégias para a educação brasileira nos próximos dez anos. Um dos seus principais objetivos é garantir o direito à educação de qualidade para todos os cidadãos, respeitando a diversidade e a inclusão. O PNE prevê várias metas e estratégias relacionadas à educação inclusiva, como:

  • Universalizar a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos e ampliar a oferta de creches para as crianças de até 3 anos;
  • Universalizar o ensino fundamental de 9 anos para toda a população de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada;
  • Universalizar o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%;
  • Oferecer educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional para os que não concluíram o ensino fundamental ou médio na idade adequada;
  • Alfabetizar todas as crianças até o final do 3º ano do ensino fundamental;
  • Oferecer educação em tempo integral em pelo menos 50% das escolas públicas;
  • Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades;
  • Assegurar a formação inicial e continuada dos profissionais da educação;
  • Garantir o atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino, por meio da transversalidade da educação especial;
  • Implementar políticas de prevenção e atendimento às vítimas de violência doméstica, bullying, racismo, homofobia e outras formas de discriminação nas escolas;
  • Promover a diversidade cultural, étnico-racial, de gênero, sexual, religiosa e de origem regional no currículo e nas práticas pedagógicas das escolas.

Essas são algumas das medidas que o PNE propõe para tornar a educação brasileira mais inclusiva e democrática. No entanto, para que elas sejam efetivadas, é preciso que haja um compromisso dos governos federal, estaduais e municipais, dos gestores educacionais, dos professores, dos responsáveis, dos alunos e da sociedade em geral com a implementação e o monitoramento do plano.

Qual o panorama sobre a educação inclusiva no Brasil?

professora negra acompanha grupo de alunos diversos brincam sobre mesa com formas geométricas

No Brasil, a educação inclusiva tem sido objeto de diversas políticas, legislações e iniciativas que buscam garantir o acesso, a permanência e o sucesso escolar dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação na rede regular de ensino. Alguns marcos importantes nesse processo são:

  • A Constituição Federal de 1988, que estabelece a educação como um direito de todos e um dever do Estado e da família;
  • A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996, que define a educação especial como uma modalidade transversal que deve ser oferecida pelas instituições de ensino regulares com atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à formação dos estudantes com necessidades educacionais especiais;
  • A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) de 2006, ratificada pelo Brasil em 2008 com status de emenda constitucional, que afirma o direito das pessoas com deficiência à educação inclusiva em todos os níveis e modalidades de ensino;
  • A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI) de 2008, que orienta os sistemas de ensino para a implementação de práticas pedagógicas inclusivas que garantam o atendimento às especificidades dos estudantes com deficiência;
  • O Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014, que estabelece metas e estratégias para a universalização do acesso e a melhoria da qualidade da educação básica e superior, incluindo a educação especial;
  • A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) ou Estatuto da Pessoa com Deficiência de 2015, que proíbe qualquer forma de discriminação ou cobrança adicional pela oferta de recursos de acessibilidade nas instituições de ensino;
  • A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2017, que define as competências e habilidades essenciais para o desenvolvimento dos estudantes da educação básica, considerando as diversidades e as necessidades educacionais especiais.

Apesar dos avanços normativos e legais, a educação inclusiva no Brasil ainda enfrenta diversos desafios na implementação prática dessas medidas. Entre eles, destacam-se:

  • falta de infraestrutura adequada e recursos pedagógicos acessíveis nas escolas regulares;
  • escassez de profissionais qualificados e capacitados para atender à diversidade dos estudantes;
  • resistência de alguns segmentos da sociedade e da comunidade escolar à inclusão dos estudantes com deficiência na rede regular de ensino;
  • ausência de uma avaliação sistêmica e participativa dos processos e resultados da educação inclusiva;
  • necessidade de articulação entre as políticas públicas de educação, saúde, assistência social, cultura, esporte e lazer para garantir a inclusão social das pessoas com deficiência.

Diante desses desafios, é fundamental que haja um compromisso coletivo e uma mobilização social em prol da educação inclusiva no Brasil. 

Quais os desafios da educação inclusiva para as escolas?

Promover a aprendizagem e o desenvolvimento de todos, sem discriminação ou exclusão não é tarefa simples. Transformar o ambiente escolar em uma instituição inclusiva envolve uma série de desafios, tais como:

  • garantir a acessibilidade física, pedagógica e comunicacional dos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, providenciando recursos diversos e adaptações adequadas;
  • formar os professores para lidar com a heterogeneidade dos alunos, oferecendo-lhes formação contínua e apoio especializado;
  • envolver as famílias e a comunidade na construção de um projeto educativo inclusivo, fortalecendo os laços de cooperação e confiança;
  • promover uma cultura de respeito, solidariedade e participação entre os alunos, estimulando o diálogo e a convivência harmoniosa;
  • avaliar os alunos de forma justa e formativa, considerando seus avanços e dificuldades, e propondo intervenções pedagógicas adequadas;
  • superar as barreiras atitudinais e sociais que ainda persistem em relação à inclusão, combatendo o preconceito e a discriminação.

Contornar esses obstáculos requer um compromisso coletivo e uma mudança de paradigma na educação. Uma escola inclusiva é um direito de todos e um benefício para a sociedade.

Quais os pilares da educação inclusiva?

estudante de cadeira de rodas segura livro com amiga atrás da cadeira

Uma escola inclusiva deve seguir os 5 princípios que norteiam esse modelo de educação. Tais premissas se baseiam na afirmativa de que todos possuem o direito de acesso à educação de qualidade e, por isso, garantem que as práticas pedagógicas da instituição sejam, de fato, inclusivas. 

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Esses princípios auxiliam a escola a reavaliar suas práticas e seu discurso, além de guiar a elaboração dos objetivos e metas no Projeto Político Pedagógico (PPP).

1. Toda pessoa tem o direito de acesso à educação

Esse princípio destaca o direito ao acesso irrestrito à educação, sem qualquer dificuldade, seja ele físico, intelectual ou de outra natureza. Ele está em concordância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e outras convenções embasadas pelos países membros das Nações Unidas.

2. Toda pessoa aprende

Independentemente das características do indivíduo, todos possuem plena capacidade de aprender e ensinar. Não há limitações físicas, intelectuais ou sensoriais que atrapalhem o aprendizado. Contudo, é necessário reconhecer as diferenças e, por isso, as escolas devem implementar estratégias pedagógicas que facilitem esse processo de modo plural.

3. O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular

O processo de ensino-aprendizagem não ocorre de forma homogênea. Cada indivíduo aprende de uma forma, sem qualquer relação com deficiências pré-existentes. O desenvolvimento de cada estudante é singular e, por essa razão, há a necessidade de criar um projeto de ensino que atenda a todos os alunos, sem exclusão, respeitando seus ritmos de aprendizagem.

4. O convívio no ambiente escolar comum beneficia todos

Nesse princípio, reforça-se os conceitos de pluralidade, diversidade, respeito e empatia. O contato e a interação entre pessoas diferentes gera benefícios de curto a longo prazo aos estudantes com deficiência. Uma escola inclusiva acelera o desenvolvimento socioemocional e outras competências intelectuais dos estudantes.

5. O ensino inclusivo diz respeito a todos 

Guiada pelo direito à igualdade, uma educação inclusiva considera a diversidade um elemento enriquecedor e necessário para o processo de aprendizagem e ensino. Então, além de contemplar os estudantes com necessidades educacionais especiais, a inclusão deve englobar todos os participantes dessa operação, como educadores, famílias, gestores, entre outros.

O que é necessário para uma escola ser inclusiva?

Já explicamos que uma escola inclusiva é aquela que acolhe e valoriza a diversidade de seus alunos, respeitando suas diferenças e potencialidades. Para que uma escola seja inclusiva, é necessário que ela tenha uma proposta pedagógica que reconheça as necessidades educacionais específicas de cada estudante e que ofereça recursos e estratégias adequadas para o seu desenvolvimento. 

Além disso, é preciso que a escola promova uma cultura de cooperação, solidariedade e participação entre todos os membros da comunidade escolar, estimulando o diálogo, o respeito e a convivência harmoniosa. Uma escola inclusiva também deve contar com uma equipe de profissionais qualificados e comprometidos com a educação para todos, que busquem constantemente a formação continuada e a atualização de seus conhecimentos e práticas. 

Por fim, a escola deve estar articulada com as redes de apoio e proteção social, buscando parcerias e colaborações com as famílias, os órgãos públicos e as organizações da sociedade civil que possam contribuir para a garantia dos direitos e a melhoria da qualidade de vida dos alunos.

Benefícios da escola inclusiva

grupo de alunos diversos leem livro e conversam entre si

A escola inclusiva tem vários benefícios, tanto para os alunos com deficiência ou necessidades educacionais especiais, quanto para os demais alunos e professores. Alguns desses benefícios são:

  • promove o desenvolvimento integral dos alunos, estimulando suas habilidades cognitivas, sociais, emocionais e físicas;
  • favorece a convivência e a cooperação entre os alunos, fortalecendo os laços de amizade, solidariedade e respeito mútuo;
  • enriquece o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o mais dinâmico, criativo e significativo, com o uso de diferentes recursos e estratégias pedagógicas;
  • amplia a visão de mundo dos alunos, despertando sua curiosidade, senso crítico e consciência cidadã;
  • contribui para a formação de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva, que reconhece e valoriza a diversidade humana como um bem comum.

Exemplos de escolas inclusivas no Brasil

aluna de cadeira de rodas brinca com tablet enquanto sorri

No Brasil, existem vários exemplos de escolas que praticam a inclusão em diferentes níveis e modalidades de ensino. Algumas delas são:

Escola Dona Maria da Costa

Localizada em Florianópolis (SC), A Escola Donícia Maria da Costa é uma das unidades educacionais de destaque da rede municipal da cidade. Esforços são feitos para envolver a comunidade no processo de governança e reconhecer a relevância da equipe docente do AEE para que os alunos tenham acesso ao conteúdo do curso.

Escola vera Cruz 

Situada em São Paulo (SP), desde a sua criação, a Escola Vera Cruz está comprometida com a educação semipresencial secular e com a valorização da diversidade, o que inclui o direito à educação de crianças e jovens com deficiência. Além do investimento constante na formação de educadores para acolher e valorizar as diferenças, a composição das equipes pedagógicas é ajustada quando necessário.

Escola Clarisse Fecury 

Localizada no Rio Branco (AC), A Escola Clarisse Fecury conseguiu desenvolver um modelo de ensino que está em estreito diálogo com a ideia de educação inclusiva. O compromisso de acolher a diferença começa com o PPP e se desdobra em ações programáticas, na prática em sala de aula e avaliação dos alunos.

Conclusão

Neste guia, você aprendeu o que é uma escola inclusiva, seus desafios e como transformar a instituição em um ambiente mais inclusivo. 

Também pôde entender como o Estado vem criando políticas públicas para fomentar a expansão de centros educacionais mais inclusivos, além de orientar as escolas a criarem um PPP que supra as necessidades de todos os seus estudantes, com ou sem necessidades de aprendizagem especial.

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