Desenvolver a capacidade intelectual e cognitiva dos estudantes é, sem dúvida, uma parte fundamental do processo educativo. No entanto, não é de hoje que a educação reconhece que preparar os alunos para os desafios da vida exige muito mais do que o domínio de conteúdos acadêmicos.
A formação integral reconhece o sujeito em sua totalidade (cognitivo + físico + socioemocional). Isso significa que a educação deve desenvolver também habilidades como empatia, resiliência, cooperação, responsabilidade e autoconhecimento – competências cada vez mais valorizadas no mundo contemporâneo.
As habilidades socioemocionais podem ser definidas como a capacidade do ser humano de reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções, assim como perceber e lidar de forma respeitosa com os sentimentos das outras pessoas. Em suma, muito mais que competências individuais, essas habilidades estão diretamente ligadas à construção de relações interpessoais saudáveis.
É nesse contexto que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece o desenvolvimento das competências socioemocionais como parte integrante da formação dos estudantes – um compromisso que deve estar presente não só no currículo, mas também na prática pedagógica e na cultura da escola.
Mais do que cumprir uma exigência legal, essa diretriz convida educadores, famílias e instituições de ensino a enxergarem a educação como um processo que vai além do domínio de conteúdos acadêmicos. Trabalhar as habilidades socioemocionais em sala de aula é preparar os estudantes para a vida em sociedade.
A escola tem a função social de ser espaço plural e inclusivo. Diante disso, quando pensando na inclusão de estudantes “neurodivergentes”, é de sua importância o professor considerar o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, em sua prática.
Crianças e adolescentes com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem apresentar dificuldades na comunicação, compreensão de expressões emocionais e interações sociais. Por isso, trabalhar essas competências de forma sensível e adaptada contribui não só para o desenvolvimento individual, como também para a construção de uma cultura escolar mais inclusiva, respeitosa e empática.
Promover a inclusão significa reconhecer e valorizar as diferentes formas de sentir, pensar e se expressar. E nesse sentido, as habilidades socioemocionais funcionam como pontes que aproximam os estudantes e ampliam as possibilidades de convivência e aprendizado mútuo.
A escola é um espaço de convivência, troca e aprendizado – e isso vai muito além dos conteúdos acadêmicos, não é mesmo? É também um ambiente onde se aprendem valores, atitudes e sentimentos. Justamente por ser um espaço construído a partir das relações sociais e da diversidade, ele se torna o local perfeito para promover o desenvolvimento das habilidades socioemocionais da infância à adolescência.
Nesse contexto, é papel do educador em parceria com a família, criar um ambiente seguro e acolhedor, onde todos os estudantes possam expressar suas emoções, lidar com frustrações, desenvolver a empatia e fortalecer o respeito às diferenças.
A seguir, separamos algumas dicas para trabalhar as competências socioemocionais em sala de aula, com foco especial em crianças e adolescentes do espectro autista. Confira:
A mediação desses momentos ajuda os estudantes a compreender diferentes pontos de vista, desenvolverem habilidades de negociação, escuta e autorregulação emocional. Além disso, oferecer feedbacks construtivos, que valorizam o esforço e o progresso, fortalece a autoconfiança e motiva a melhoria contínua.
No caso de crianças e adolescentes autistas, é legal utilizar reforços positivos imediatos e claros, destacando comportamentos respeitosos e atitudes de cooperação. Ah, lembre-se que consistência e previsibilidade são muito importantes para os alunos “neurodivergentes”.
Investir no desenvolvimento das habilidades socioemocionais não é apenas uma escolha pedagógica: é um compromisso com a formação de indivíduos mais conscientes, resilientes e preparados para lidar com os desafios do mundo contemporâneo. E quando falamos de inclusão – especialmente de estudantes autistas – esse compromisso se torna ainda mais significativo.
E para que isso aconteça, é essencial cultivar uma cultura que valorize o afeto, a empatia e o desenvolvimento emocional como pilares do processo de ensino-aprendizagem. Quando escola e família caminham juntas nesse propósito, os resultados vão muito além do desempenho escolar: refletem na vida, nas relações e no futuro de cada aluno.