Socorro! Meu filho sofre de adolescência

É importante saber como administrar a adolescência para evitar disputas constantes

É importante entender essa fase da vida para administrar as novas emoções dos jovens e evitar disputas constantes.

Chegada a adolescência, as crianças enfrentam mudanças físicas, emocionais e sociais desconhecidas e inesperadas para elas.

Se de um mês para outro um adulto percebesse o corpo mudar, a voz se transformar e o ânimo passar de feliz a absolutamente irritado em instantes, certamente correria para pedir ajuda a um psicólogo. 

No entanto, todas essas características, aplicáveis a qualquer adolescente, se juntam com outro traço típico neles: falam pouco ou nada com seus pais ou outros adultos. Simplesmente “não tem nada a ver”. Nessa idade, seus confidentes são os amigos, que estão tão perdidos quanto eles, de modo que não podem ajudá-los muito. Muito menos recomendar, a não ser estejam muito mal, que consultem um psicólogo.

Assim, em uma fase de mudanças muito bruscas e decisivas, durante a qual é preciso demonstrar seu valor e sua recém adquirida independência e autonomia, o que os adolescentes fazem? O que for possível para conseguir mudanças rápidas que lhes permitam demonstrar, por um lado, que podem fazer tudo sozinhos, e, por outro, resolver os problemas rapidamente, sem muita análise:

  • Engordei? Paro de comer.
  • Não estou muito forte? Passo o dia fazendo musculação, andando de bicicleta e correndo.
  • Tenho espinhas? Acabo com elas no banho.

Essa maneira de agir não é considerada um problema até que, passado algum tempo, a crua realidade se revela: se paro de comer, perco as forças e passo o dia inteiro com fome; se me dedico à atividade física a ponto de não ter tempo para estudar, repito de ano; se cutuco as espinhas, fico com marcas e é pior etc.

É então que o adolescente pede ajuda, mas ela vem em forma de queixa e de irritação consigo mesmo – por não ter conseguido resolver o problema sozinho –, e com os pais – porque eles dizem justamente o que não querem ouvir.

Para completar, os pais aproveitam esse momento de poder para lembrar os filhos de que tinham razão e para criticar seu comportamento. Já é possível imaginar o capítulo seguinte da história: conflitos e brigas.

Como lidar com os filhos adolescentes?

É importante saber como administrar esses problemas para evitar disputas constantes. Vejamos como fazer isso com um exemplo concreto muito comum nessa fase:

Conflito: Minha filha não gosta muito da aparência da barriga e das pernas e reclama a respeito desde os 7 ou 8 anos. Não quer colocar biquíni e termina os dias triste, confessando que em um ou outro conflito o corpo dela era a questão. O mesmo acontece quando vai comprar roupa.

Situação habitual: Quase todas as meninas até os 11 ou 12 anos começam a mudar e precisam de tempo sozinhas. Distanciam-se das mães, lhes dão menos atenção e o critério e a opinião delas passam para segundo plano – ou até para o plano contrário.

O que quero como mãe ou pai? Quero que minha filha entenda e sinta que esse é o corpo que tem, que provavelmente será assim a vida toda, e que ficar irritada com ele não só é contraproducente para sua felicidade, mas também inútil. Como conseguir isso?

O foco deve mudar. É preciso tentar administrar essas emoções de insatisfação com a imagem pessoal (a principal, durante a adolescência) utilizando outra perspectiva:

  1. 1. Prever que, na adolescência, esse tipo de situação vai acontecer. Uma vez que a adolescente não ouvirá a mãe, esta precisa começar a agir antes.
  2. 2. Ouvir as preocupações da filha e tentar sentir empatia por ela. Não minimizar os sentimentos dela nem julgá-los – além de não ajudar, essa atitude a afastará.
  3. 3. Transmitir-lhe que se uma questão é importante para ela, também é para os pais. Juntos encontrarão as soluções.
  4. 4. Entender que é normal que a filha se irrite e se frustre. Não recriminá-la por se preocupar tanto com a autoimagem.
  5. 5. Experimentar quais opções ou soluções tranquilizam a filha ou a deixam menos insatisfeita.
  6. 6. Transmitir, aos poucos, que a ausência de insatisfação não é possível na vida. Dar exemplos de pessoas próximas de quem ela gosta e com quem tem boa relação a respeito de aceitação dos próprios “defeitos”. Por exemplo, a tia não gosta muito do próprio cabelo, mas encontrou um corte que a favorece etc.
  7. 7. Lembrar de reforçar e reconhecer com orgulho tudo que a filha fizer bem, pois essa é a melhor fonte de autoestima para os adolescentes.
Fernanda Furia
Psicóloga/ Brasil
Mestre em Psicologia de Crianças e Adolescentes.

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