“Tá de brincadeira?” A importância da brincadeira para a aprendizagem

ar: correr, pular, ser desafiado, gritar, sorrir, chorar, explorar, cantar, investigar, negociar, movimentar, imaginar, ressignificar, aprender.

Você já havia pensado na quantidade de ações envoltas no simples ato de… brincar? Brincadeiras envolvem alto nível de engajamento e motivação, possuem processos imaginativos, não-literais, são voluntárias, podem ser livres de regras externas, mas compostas de negociações e acordos entre quem brinca, definindo limites ou não. 

Recentemente, publiquei alguns dados de pesquisas sobre brincadeiras lá no @seligaprof e diversas contribuições e reflexões de professores foram surgindo sobre o tema. Por isso, trago a discussão também para esse espaço, para que possamos formar uma teia de compartilhamento de pesquisas, ideias e experiências.

Há estudos que relacionam diretamente o brincar à alfabetização e à linguagem, assim como à matemática. Um exemplo são as brincadeiras indicadas para crianças de 4 anos de idade – em forma de jogos de rimas, listas de compras, e “leitura” de livros de história para animais de pelúcia –, que predizem prontidão para linguagem e para leitura.

Pesquisas também sugerem que as crianças demonstram seus maiores avanços em habilidades linguísticas durante brincadeiras, e que essas habilidades estão fortemente relacionadas à alfabetização emergente.

Por fim, uma revisão de 12 estudos sobre a alfabetização e o brincar permitiu aos pesquisadores Roskos e Christie concluir que “brincar proporciona contextos que promovem atividades, habilidades e estratégias de alfabetização… e pode proporcionar oportunidades para o ensino e a aprendizagem da alfabetização”.

Brincar e aprender de forma lúdica também apoiam o desenvolvimento da matemática. Os pesquisadores Seo e Ginsburg, em uma experiência naturalista, constataram que crianças de 4 e 5 anos de idade constroem conceitos matemáticos fundamentais durante o livre brincar.

Independentemente da classe social da criança, três categorias de atividades matemáticas foram amplamente prevalentes: brincar com padrões e formas – exploração de padrões e formas espaciais –, jogos para o desenvolvimento do conceito de grandeza – declaração de grandeza ou comparação de dois ou mais itens para avaliar a grandeza relativa –, e jogos numéricos – raciocínio numérico ou quantitativo. Em 46% das vezes, o brincar livre na infância contém as raízes da aprendizagem matemática.

Desse modo, o brincar é uma atividade fundamental não apenas para a escola e a aprendizagem de modo geral, mas como um preparo para o mundo além da sala de aula: estão envoltas nas brincadeiras uma série de elementos como a colaboração, a criatividade, a autoconfiança, a comunicação, para além da construção de domínios em conteúdos específicos, quando falamos em brincadeiras estruturadas.

Para finalizar, convido você a refletir com Jean Piaget sobre sua célebre frase: “brincar é o trabalho da infância”.

Um super abraço digital,

Prof. Emilly Fidelix | @seligaprof

 

Fontes e indicações de leitura:

Piaget, J. Play, Dreams, andImitation in Childhood. Gattegno C, Hodgson FN, trans. New York, NY: W. W. Norton & compagny; 1962.

https://www.enciclopedia-crianca.com/brincar/segundo-especialistas/por-que-brincar-aprender

https://www.enciclopedia-crianca.com/brincar/segundo-especialistas/aprender-por-meio-da-brincadeira 

Roskos K, Christie J. Examining the play-literacy interface: A critical review and future directions. In: Zigler EF, Singer DG, Bishop-Josef SJ, eds. Children’s play: Roots of reading. 1st ed. Washington D.C.; Zero to Three Press; 2004:116.

Seo KH., Ginsburg HP. What is developmentally appropriate in early childhood mathematics education? Lessons from new research. In: Clements DH, Sarama J, DiBiase AM, eds. Engaging Young Children in Mathematics: Standards for Early Childhood Mathematics Education. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 2003:91–104.

 

Emilly Fidelix
Formadora de professores
É criadora do @seligaprof, onde impacta milhares de professores de todo o Brasil, palestrante e formadora de professores. É doutoranda em História Cultural (UFSC), especialista em Tecnologias, Comunicação e Técnicas de Ensino (UTFPR), colunista no blog Redes Moderna e professora de pós-graduação no Instituto Singularidades. Atua nas áreas de metodologias ativas, storytelling aplicado à educação e BNCC.

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