Colaboração e criatividade com as tecnologias digitais

As tecnologias e as redes sociais podem servir como excelentes ferramentas de aprendizagem.

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As redes sociais podem ser aliadas das escolas, com excelentes resultados de engajamento e, consequentemente, de aprendizagem. Veja como! 

Boa notícia!

As redes sociais têm sido fonte permanente de angústia para pais e mães, em dúvida sobre seus benefícios e malefícios. A boa notícia é que elas podem ser aliadas das escolas, com excelentes resultados de engajamento e, consequentemente, de aprendizagem. Os próprios jovens nos dão uma pista, ao utilizar o aplicativo Whatsapp para “pegar” lição de casa, tirar dúvidas sobre exercícios e conteúdos com colegas e organizar trabalhos em grupo.

O uso de redes sociais pode ir muito além. Embora muito se tenha falado sobre “nativos digitais”, hoje sabemos que essa geração poderia explorar de forma muito mais ampla e variada o potencial das tecnologias digitais.

Os alunos usam o Whatsapp para “pegar” lição de casa, tirar dúvidas com colegas e organizar trabalhos em grupo.

Aprendizagem em rede

Elementos positivos identificados por algumas das teorias de aprendizagem, como a existência de vínculos afetivos e de atenção individualizada, estão presentes em ambientes de redes sociais. Por exemplo, nicknames (apelidos) e fotografias dos alunos criam um ambiente descontraído, além de permitir que os adolescentes cultivem sua identidade, o que é muito importante nessa etapa da vida.

O fato de, em uma rede social, a comunicação entre as pessoas acontecer de maneira espontânea e menos organizada por sua natureza digital e fluida, possibilita aos próprios estudantes ensinar e aprender uns com os outros, conforme surgem dúvidas e ideias ao entrar em contato com os conteúdos e as tarefas propostas pelos professores. Os alunos podem receber explicações de colegas na linguagem própria de sua idade, além de alternarem situações em que cada um ensina e aprende com os demais.

Cria-se então um ambiente onde os jovens sentem maior confiança em tirar suas dúvidas – por um lado, estão mais expostos; por outro, sentem-se mais acolhidos.

A mediação dos educadores é fundamental para manter a turma com uma atitude positiva, caso o próprio grupo não se auto-regule de modo satisfatório. Na medida em que o professor participa da mesma rede que sua turma, identifica com mais facilidade mensagens que revelam a dificuldade de cada aluno, podendo incidir sobre a questão, seja pessoalmente, seja incentivando colegas a fazê-lo.

Enfim, essa rede horizontal de relações e comunicação possibilita uma dinâmica muito favorável entre os estudantes e entre estudantes e professores.

Trabalho em grupo, de verdade

Ao participar de uma rede social com sua classe, o professor tem o poder de um big brother (grande irmão), com ampla visibilidade das ações de todos os alunos. Isso significa que pode identificar, em trabalhos em grupo, quem realmente colabora na elaboração das tarefas, em que horários do dia e por quanto tempo participa, que tipo de intervenção faz e quais os produtos elaborados. Tudo isso facilita a avaliação, a interferẽncia e até o planejamento do docente para próximos trabalhos, pois conhecerá melhor os hábitos digitais de suas turmas.

Além disso, a visibilidade que todos os alunos têm entre si em uma mesma rede social facilita e dá maior agilidade à gestão de tempo e à distribuição de tarefas entre eles.

Esses são alguns dos aspectos que tornam muito mais produtivos os trabalhos em equipe nesses ambientes.

Produtores orgulhosos e competentes

As redes sociais são, por excelência, uma vitrine. Todos sabemos o quanto o exibicionismo faz parte dos ambientes virtuais. Quem não se preocupa com sua popularidade nas redes, com likes, com visualizações etc?

Uma classe que trabalha em uma rede social provavelmente deverá apresentar os resultados de suas pesquisas por meio de produtos em meios digitais. Serão elaboradas apresentações, áudios, vídeos, fotografias, memes, artes, gráficos, textos e uma infinidade de outros formatos que demonstrarão o quanto os estudantes aprenderam e o quanto conseguiram criar a partir de determinado tema de estudo.

Quanto mais se perceberem competentes em sua produção escolar, maior será o desejo de exibi-la. E quanto mais se sentirem reconhecidos por seus esforços e resultados, mais vontade terão de aprimorar suas competências e destrezas. Está aí, portanto, outro ganho que as redes sociais agregam aos processo de aprendizagem de nossos filhos: torná-los estudantes competentes e orgulhosos de seu sucesso escolar, enxergando nisso um valor social importante.

Apontamos aqui algumas das vantagens do uso educativo de redes sociais para jovens que já são experts e contumazes usuários desse tipo de ambiente. Então, por que não aproveitarmos essa predisposição e tirar o melhor delas para a aprendizagem escolar? Mas atenção! É preciso manter o clima descontraído, livre e divertido que os jovens apreciam, caso contrário, eles fugirão das redes sociais escolares e perderemos essa grande oportunidade.

Marcia Padilha
Consultora em Inovação Tecnoeducativa/ Brasil
Mestre em História Social e formadora de educadores.

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