O que fazer se o meu filho não quer estudar?

Família e escola devem formar uma equipe para encontrar as causas do problema

Quando um filho não quer estudar, o primeiro passo é encontrar a causa do problema. Para isso, devemos contar com o apoio dos professores para dar importância à vida escolar e desenvolver bons hábitos. 

As crianças possuem uma tendência à atividade e à aprendizagem, dedicando muita energia a esse objetivo
 

A natureza do jovem e sua capacidade nata de aprender

A busca por conhecimento é natural no ser humano. As crianças possuem uma tendência à atividade e à aprendizagem, dedicando muita energia a esse objetivo. Às vezes, porém, não se interessam pelo que os pais e professores querem que façam. O problema pode não ser a falta de motivação, mas tornar o estudo mais atraente e interessante. Se não nos conectamos com o mundo do jovem, suas experiências de vida e seus interesses, corremos o risco de apagar os desejos natos de aprendizagem e desenvolvimento pessoal.

Em geral, a ausência de motivação, o baixo rendimento ou o fracasso escolar não estão diretamente relacionados com problemas nas funções cognitivas ou com dificuldades específicas de aprendizagem, embora não se deva descartar essas causas. Na maioria das vezes, porém, as dificuldades se dão principalmente por:

  • Falta de hábitos de estudo e trabalho.
  • Baixa autoestima, falta de segurança e pouca confiança nas próprias capacidades.
  • Ausência de referências familiares claras em relação a autoridade, autonomia e responsabilidade pessoal.
  • Conflitos familiares que impedem o equilíbrio e o bem-estar emocional imprescindíveis para aprender, crescer e aproveitar os estudos e a vida em geral.
  • Um sistema educativo que tende à massificar os alunos e que, por falta de recursos ou outras razões, não os atende em sua individualidade e necessidades mais pessoais.

O que podemos fazer?

  • Dar importância à vida escolar, não apenas às notas, mas a tudo o que acontece na escola: relações com colegas e professores, passeios, acampamentos, festas etc. É importante que as crianças e os jovens gostem do que fazem e que se sintam felizes, acolhidas e seguras na escola. Se não estiverem bem, ficarão tensas e preocupadas, e não conseguirão estudar e aprender adequadamente.
  • Ajudar a desenvolver bons hábitos: responsabilizar-se pelos próprios atos, tratar as pessoas com respeito, cumprir limites e normas para ter uma atitude favorável em relação à disciplina e à ordem, aprender que é necessário esforço para executar bem as tarefas. Auxilie seus filhos a planejar e organizar o tempo e a dedicar um período para a atividade escolar todos os dias. Eles também devem cuidar e manter organizados os livros e demais materiais de estudo. 

Dos millenials à geração Z

​YouTube e Podcast: a TV e o rádio do presente.

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A televisão e o rádio são meios de comunicação obsoletos para as crianças e os jovens de hoje. Agora, eles é que decidem quando, como e em que aparelho consumir os conteúdos que estão à disposição no YouTube e em outras plataformas de vídeo.

Com um telefone celular e conexão à internet pode-se criar conteúdo e publicá-lo facilmente em plataformas de vídeo.

Ver vídeos e ouvir áudios é muito simples para qualquer criança ou adolescente com acesso à internet. A rapidez com que os conteúdos se renovam e a facilidade de acesso faz com que eles os prefiram em relação aos meios tradicionais, como a TV ou o rádio. Além disso, existe uma legião de criadores de conteúdo atraente: os youtubers ou videobloggers, que publicam um ou mais vídeos por semana – ou até diariamente – sobre os mais diversos temas. Por ter idade próxima à de seu público, conectam-se rapidamente com a audiência usando a linguagem e os códigos próprios da faixa etária.

Humor, música, beleza, jogos, esportes, animação, informática, tutoriais de todo tipo ou, simplesmente, histórias pessoais são alguns dos temas que mais fazem sucesso no YouTube. Os donos dos canais são valorizados pelos seguidores como autênticos líderes de opinião e estrelas da mídia. Conteúdo em formato áudio também tem boa receptividade. São os podcasts, programas de rádio que oferecem as mesmas possibilidades de temas e têm a vantagem de, depois de baixados nos dispositivos, não consumir dados do plano de internet do usuário.

O que fazer quando seu filho quer imitar seus ídolos do YouTube?

Se seu filho também quer ser youtuber, convém apoiar o interesse específico dele e incentivar, dentro do possível, que desenvolva a atividade em questão inicialmente como hobby para, quem sabe mais tarde, transformá-la em trabalho remunerado (alguns youtubers com centenas de milhares – ou milhões – de seguidores faturam muito com a publicação de seus vídeos).

Com uma câmera ou um telefone celular e um computador com conexão à internet pode-se criar conteúdo e publicá-lo facilmente em plataformas como YouTube ou Vimeo. Se é isso o que o seu filho quer, as orientações a seguir facilitarão o trabalho dele (e o seu!):

  • • Demonstre interesse pelo que ele faz. Ele se sentirá apoiado e animado para desenvolver o que gosta. 
  • • Disponibilize a tecnologia que estiver a seu alcance. Participe do projeto ajudando-o a gravar ou organizando um espaço para que trabalhe com mais conforto. 
  • • Proponha temas. Contribua e discuta ideias, evitando censurar as dele. 

Como criar um vídeo para o YouTube? 

1.       Vocês precisarão de uma câmera de vídeo ou de foto que também grave vídeo ou de um smartphone que registre com qualidade de HD 720p.

2.       O melhor é gravar de dia, em um cômodo bem iluminado ou em uma área externa. A luz nessas condições é adequada e vocês não necessitarão de equipamentos extras, como rebatedores ou lâmpadas profissionais.

3.       Escolham um tema que considerem interessante. Depois, pesquisem juntos na internet sobre o assunto para decidir sobre o que irão gravar.

4.       Depois de escolher o tema, o melhor é escrever um pequeno roteiro – de uma ou duas páginas –, para reunir o que seu filho vai dizer diante da câmera. Para começar, bastam três ideias gerais.

5.       Coloque a câmera ou o smartphone sobre um tripé ou use uma superfície estável como apoio, para que o aparelho não se mova durante a gravação.

6.       Faça um teste para checar se o som e a iluminação estão corretos e para ensaiar a fala e… Vocês estão prontos para gravar!

7.       Salve o conteúdo da gravação no computador e edite-o com um dos programas gratuitos disponíveis.

8.       Crie um canal seguindo as instruções da plataforma escolhida.

9.       Publique o conteúdo no canal que vocês criaram. A plataforma indica como fazer isso passo a passo, de maneira simples.

10.   Pronto. O vídeo já está na rede! 

Muitos adolescentes estão familiarizados com todo o processo, e precisarão de ajuda apenas em algumas etapas. Crianças menores em geral querem apenas brincar de gravar o próprio vídeo, e precisarão de orientação. Nesse caso, não será necessário publicá-lo na rede – o simples fato de criar algo que a família possa assistir depois é prêmio suficiente para elas.

Produzir vídeos também é uma maneira de entender os interesses dos filhos e de aproveitar um tempo em família, ajudando-os em uma primeira experiência que pode ser muito gratificante e enriquecedora para todos. 

O cérebro humano e as múltiplas habilidades

Desenvolver habilidades é importante para a escola e para a vida

Oferecer experiências de aprendizagem que beneficiam habilidades e interesses da criança e produzem prazer pode contribuir para o bom desempenho acadêmico e social.

O funcionamento cerebral tem particularidades que estão sendo descobertas a cada dia, e esse conhecimento é constantemente atualizado

Vamos conversar sobre o cérebro. Precisamos entender um pouco mais sobre esse órgão que processa todas as informações do meio ao redor e as (re)organiza constantemente, atribuindo significados diversos às nossas experiências. É assim que interagimos com o ambiente e modificamos as informações que estão sendo processadas.

O funcionamento cerebral tem particularidades que estão sendo descobertas a cada dia, e esse conhecimento é constantemente atualizado. Em geral, a sociedade não consegue acompanhar essas transformações, o que resulta na divulgação de conceitos simplificados, errôneos ou, muitas vezes, restritos. 

Habilidade é o mesmo que inteligência?

Primeiro, precisamos distinguir os conceitos de habilidade e inteligência. Ser mais ou menos capaz de realizar uma atividade não me faz mais ou menos inteligente. Cada um de nós percebe as próprias capacidades ao realizar atividades que envolvem habilidades diversas.

O conceito de inteligência não envolve uma habilidade específica, mas a funcionalidade na integração da ação cerebral. Ele tem a ver com a velocidade e a capacidade de resolver problemas.

Para resolver um problema que envolva qualquer habilidade precisamos considerar aspectos emocionais, raciocínio, planejamento, pensamento abstrato, linguagem e experiências anteriores. Assim, se sou capaz de resolver problemas em um curto intervalo de tempo de forma a atuar de maneira eficaz no ambiente em que vivo, posso me considerar uma pessoa inteligente, independente das habilidades que possuo.

Pesquisas importantes que envolvem a revisão de estudos e o acompanhamento de pessoas ao longo da vida têm demonstrado que, embora os testes de QI (coeficiente de inteligência) se relacionem diretamente com competências escolares e ocupacionais, com o desempenho no trabalho e com o envolvimento social, eles também são importantes para prever a capacidade de tomar decisões para a vida prática que caracterizam o indivíduo como autônomo e competente.

O que é habilidade?

O conceito de habilidade envolve uma capacidade ou um talento natural ou adquirido que possibilita a um indivíduo ter um desempenho específico em um trabalho ou tarefa. Ou seja, posso ter poucas ou várias habilidades, e isso não implica ser mais ou menos inteligente.

Cada habilidade envolve características emocionais e cognitivas que precisam ser planificadas e organizadas para ter uma utilidade prática e ser funcional para um indivíduo.

Não podemos considerar habilidades independentes: nossas habilidades e nosso desempenho cerebral não são resultado de uma única área desse órgão, mas sim resultado da integração entre múltiplas regiões que dependem de estimulações intensas e amplas.

Isso quer dizer que muitas das habilidades envolvidas em uma atividade manual também estão relacionadas a habilidades escolares, do mesmo modo que quando interagimos com bichos ou trabalhamos no jardim também envolvemos habilidades cognitivas que incluem o aprendizado escolar e habilidades interpessoais, como o controle de impulsos, a resolução de problemas, a atenção e a memória operacional, desde que pensemos sobre essa atividade e a planejemos antes de realizá-la.

E meu filho?

Preparar uma criança para a escola e para a vida não envolve treiná-la com relação a questões cognitivas e escolares. Aprendizagens estruturadas que beneficiem habilidades e interesses que já se observam na criança e produzem prazer também podem contribuir para a melhora do desempenho acadêmico e social não só por questões emocionais, mas também cognitivas.

É importante que essas atividades sejam oferecidas à criança e ao adolescente dentro de um contexto estruturado e com objetivos e metas claras tanto para elas quanto para os pais, para que os pequenos possam ir monitorando seu desempenho à medida que alcançam os resultados desejados.

Aliás, esse automonitoramento é fundamental para a estimulação cognitiva e emocional (e, consequentemente, cerebral). A criança precisa perceber que o resultado de seu desempenho é melhor quando ela se esforça no planejamento e no controle emocional e cognitivo. Para o cérebro e para o desenvolvimento, é necessário ter um retorno imediato ao desempenho cognitivo e emocional, e, nesse aspecto, o desenvolvimento de habilidades tende a mostrar resultado mais rapidamente do que os aprendizados acadêmicos.

Sem dúvida, nossas habilidades estão relacionadas com o que preferimos fazer. Não gostamos de realizar atividades para as quais não temos habilidades, e muito menos expor a colegas e pais o que não fazemos bem. Porém, a estimulação dessas habilidades com objetivos e metas claras podem e devem ser apresentadas às crianças de forma lúdica e prazerosa, seja em um contexto específico ou no ambiente educacional. 

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Os jogos e a educação

Estratégias de gamificação vêm sendo aplicadas nas escolas inovadoras, e também funcionam em outros âmbitos da vida, como no trabalho ou em casa.

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Gamificação consiste em empregar mecânicas de jogo em ambientes lúdicos para potencializar a motivação, a concentração, o esforço… 

É necessário identificar bons jogos e ter clareza de quais oferecer, a depender dos objetivos desejados e da faixa etária.

Homo ludens

O célebre historiador holandês John Huizinga, demonstrou em seu livro Homo ludens que o lúdico é um elemento que constitui a própria natureza e cultura humanas, presente na linguagem e nas atividades produtivas e ritualísticas desde tempos imemoriais. Do bebê ao idoso, o jogo é um recurso de aprendizagem e de socialização. Por ser algo natural e intuitivo, podemos não nos dar conta de sua importância, mas há muito tempo já se conhece seu potencial em contextos educacionais.

 

Jogos bons, jogos ruins, jogos adequados

Não é verdade que todo e qualquer jogo traga ganhos. É necessário identificar bons jogos e ter clareza de quais oferecer, a depender dos objetivos desejados e da faixa etária. Essa “regra” se aplica a jogos tradicionais, a jogos de tabuleiro e também a nossos conhecidos jogos eletrônicos (qual adulto não se sente confuso em relação a isso?).

De um modo bastante genérico, bons jogos possuem objetivos e desafios, regras claras e lógicas, papéis diversificados, estruturas de recompensas estimulantes, diferentes habilidades envolvidas, narrativas instigantes e variáveis incontroláveis, como a sorte. É o que chamamos de “jogabilidade”.

Quando essas características estão bem dosadas em um jogo, vemos crianças, adolescentes e adultos sentirem-se desafiados a ponto de gritarem e pularem a cada lance bem sucedido ou ficarem horas a fio envolvidos em uma só partida. Os jogos ruins são aqueles que não apresentam esses elementos ou que não os equilibram de modo instigante. Costumam ser abandonados em… três, dois, um minuto!

Jogos adequados são aqueles que exigem dos jogadores habilidades, destrezas e conhecimentos instigantes, difíceis, desafiadores, mas realmente possíveis de serem superados por cada faixa etária. A escolha de jogos – seja na escola ou em casa – não deve inviabilizar a experiência lúdica, seja por demandas inacessíveis ou fáceis demais.

 

Os jogos e o desenvolvimento de bebês

Para as crianças de zero a três anos a brincadeira é o principal recurso de aprendizagem e desenvolvimento.

Quando brincamos com o bebê nos escondendo e aparecendo, ao mesmo tempo que exclamamos “Cadê?”, “Achou!”, muito acontece: ele se vincula afetivamente com seus cuidadores e desenvolve estabilidade emocional, estruturas básicas de pensamento lógico e matemático, e o prazer da interatividade, da surpresa e da confirmação de sua expectativa.

É muita coisa em uma brincadeira só! Existem mais do que suficientes estudos científicos para comprovar esses benefícios.

 

Regras, respeito ao próximo, trabalho em equipe: jogo e criança pequena

Paras crianças na primeira etapa do Ensino Fundamental – cerca de 6 a 10 anos – jogar é um exercício primordial. Ao jogar, elas precisam desenvolver autocontrole e persistência, convivendo com momentos de sucesso e de fracasso; aprendem a portar-se eticamente, respeitando as regras, mesmo se tiverem oportunidade de burlá-las; e experimentam a concentração e o foco, ainda uma conquista nessa etapa da vida.

Nessa idade, os jogos também representam a possibilidade de uma dinâmica de aula mais interessante, que permite que a movimentação física típica dessa idade seja acolhida de forma aliada a aprendizagens importantes.

Nas cidades, onde as crianças passam boa parte do tempo isoladas em suas casas ou apartamentos sem ter a oportunidade de vivenciar brincadeiras de rua, os jogos em times são um aprendizado importante para a convivência e para o desenvolvimento de espírito de equipe, sentido de colaboração e respeito aos próprios limites e aos dos colegas.

 

Espinhas, namoros, conflitos e… gamificação

Os jogos não perdem nenhuma importância entre pré-adolescentes e jovens, o que seu interesse por jogos eletrônicos comprova. Portanto, dentro de certos limites – sem substituir a família e os amigos –, a escola pode usar recursos lúdicos para apoiar esses meninos e meninas a enfrentar as dores e os prazeres dessa fase da vida tão especial.

Para esse público, jogos podem auxiliar no autoconhecimento, nas sensações de inadequação, no estranhamento em relação ao corpo e aos sentimentos, nos conflitos de autoridade com os pais e com o mundo e no desejo de ampliar conhecimentos e horizontes.

Por isso, jogos do tipo corporais e teatrais, jogos com desafios por equipes, jogos narrativos – como RPG e similares – são muito indicados para estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio.

Nos jogos, os alunos e os educadores podem explorar juntos situações que exigem leveza e bom-humor, que trabalham o contato físico, a exposição e o acolhimento entre os participantes e que, quando bem mediados, favorecem um clima mais solidário e humano no ambiente escolar. Nessa etapa da vida, isso facilitará o convívio, a disciplina, o interesse pela escola e, em consequência, a aprendizagem.

Os bons games exploram raciocínio lógico, pensamento estratégico, planejamento, memorização, criatividade, habilidades de comunicação e convivência multicultural – especialmente no caso dos jogos online. Nos mais complexos, vários desses elementos são combinados. Esses aspectos lhe soam familiares? Provavelmente sim, se você já ouviu falar nas “competências para o século XXI”: os jogos eletrônicos possibilitam vivências e experimentação de habilidades valorizadas hoje em dia.

Também é possível gamificar lições de casa, pesquisas, tarefas, aulas e seminários, introduzindo elementos típicos de jogos que são muito familiares aos estudantes, tais como recompensas colecionáveis, pontuações, níveis de dificuldade e etapas, narrativas e quizzes. Esses recursos costumam criar situações favoráveis à aprendizagem de conteúdos em qualquer área do conhecimento.

Os jogos e as brincadeiras têm, portanto, enorme potencial educativo. Quanto mais divertidos, melhor. Vale a pena bater um papo na escola de seus filhos sobre os benefícios dos jogos na educação. Também vale uma escapadinha da rotina para jogar com eles, aproveitando para fortalecer vínculos e compreendê-los melhor. Todo mundo sai ganhando.

 

As novas tecnologias e o desenvolvimento do cérebro

Tudo o que memorizamos e aprendemos altera a estrutura de nosso cérebro

As novas tecnologias têm modificado a forma como crianças e adolescentes compreendem e processam o mundo. O que os pais devem saber para facilitar o processo de aprendizagem dos filhos e diminuir os fatores de risco? 

Não temos como impedir ou mesmo proibir a utilização de recursos tecnológicos, mas temos como selecionar conteúdos e monitorar usos

Como processamos as informações do ambiente?

Tudo o que conhecemos e nomeamos é resultado das reconstruções que nosso cérebro faz dos estímulos recebidos por meio dos canais sensoriais (visão, audição, tato, olfato e paladar). Cada estímulo é transformado em impulso elétrico, permitindo que o órgão entre em contato com tudo o que acontece ao redor.

A partir daí temos a reconstrução do estímulo pelo cérebro, que ficará na memória (com a ajuda da atenção) até que seja identificado, nomeado, armazenado e/ou seja formulada uma resposta específica para esse estímulo.

De que forma isso se relaciona com as novas tecnologias?

Tudo o que memorizamos e aprendemos vai alterando a estrutura de nosso cérebro, ao modificar rotas e conexões neurais. As novas tecnologias têm modificado a forma como crianças e adolescentes compreendem e processam o mundo, já que possuem características de estímulos e exigem respostas bastante específicas. 

 

Os estímulos das novas tecnologias digitais 

Recursos que envolvem estímulos visuais com cores fortes, movimento, elementos que surgem e desaparecem exigem respostas automatizadas e com pouca elaboração cognitiva, ou seja, pouca criação do cérebro. Muitas vezes, as respostas são dadas de forma automática.

Quando perguntamos a uma criança ou adolescente como respondeu ao estímulo de um jogo, ou por que deu determinada resposta numa situação envolvendo mídia digital, normalmente recebemos como respostas um “porque sim” ou “porque era para dar essa resposta”.

Nesses momentos, fica claro o processamento envolvido em jogos digitais e em novas tecnologias: a estimulação de processos automáticos como a atenção e a ausência de raciocínio que exige planejamento e organização por meio de recursos verbais. A interatividade que exige respostas imediatas para múltiplos estímulos também provoca pouca elaboração cognitiva. Sim, são estimulados processos que envolvem a visão e que estão diretamente relacionados à organização viso-espacial, mas fica a pergunta: essas habilidades são as únicas que queremos desenvolver?

Como as tecnologias digitais podem estimular aprendizados

Existem recursos tecnológicos que não se baseiam nessa avalanche de estímulos sensoriais. Há atividades que envolvem reflexões e elaborações cognitivas altas, mas elas não são atrativas porque exigem atenção voluntária e controle do raciocínio. Esses estímulos normalmente não são vendidos e não são largamente usados por crianças e adolescentes; São utilizados em contextos educacionais ou clínicos, já que devem ter mediação para que promovam progressos cognitivos e aquisição de conhecimento. 

Até mesmo a televisão pode ter esses dois usos se os programas forem acompanhados por um adulto que desenvolva crítica e elaborações sobre o que está sendo visto e apresentado. O problema, então, não é a tecnologia, mas o uso que fazemos dela. Não temos como impedir a utilização de recursos tecnológicos, mas podemos selecionar os conteúdos e monitorar os usos. 

O ambiente e a cultura em que estamos inseridos afetam e determinam os processos cognitivos que serão predominantes no funcionamento cerebral. Podemos repensar o uso, o tempo e os motivos que nos levam a utilizar a tecnologia como forma de entretenimento passivo perguntando: “Quais são as necessidades reais hoje para cada faixa etária?”

O cérebro não se reorganiza de forma fácil, casual ou arbitrária. São necessários processos de atenção e entradas sensoriais significativas utilizados de forma repetitiva e intensa para que as modificações ocorram. Assim, o uso eventual e lúdico não é condenado, e a pergunta que devemos formular é: “Como é o uso por parte das crianças no mundo atual?”

Não podemos prever as capacidades e habilidades exigidas para as crianças daqui a 30 ou 40 anos, porém o equilíbrio e o bom senso devem prevalecer. O problema, mais uma vez, não é a tecnologia, mas o uso que se faz dela. Cada vez mais devemos proporcionar às crianças e aos adolescentes oportunidades de construção de realizar reflexões e elaborar pensamentos críticos a partir das experiências vividas. As novas tecnologias devem fazer parte da temática desses questionamentos.

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Por que é importante dormir bem para melhorar o rendimento escolar?

O sono beneficia a energia e o aprendizado.

O ritmo escolar e de aprendizagem às vezes pode ser forte e exigente. Dormir a quantidade de horas necessárias garante que as crianças tenham os níveis necessários de energia e extraiam o máximo de proveito de seu aprendizado. 

Devemos garantir o momento de desconexão cognitiva antes de ir para a cama

Nossa rotina diária exige muita energia e atenção. Com as crianças em fase escolar não é diferente. Sabemos que o dia a dia delas pode ser tão intenso quanto o dos adultos. Garantir que seu filho tenha um sono de qualidade é essencial para ele recuperar a energia e se desenvolver adequadamente. 

É importante desconectar antes de ir dormir

A carga de atividades a que algumas crianças são expostas pode ser a causa do sono insuficiente para as necessidades delas. Por isso, devemos vigiar se essa demanda é excessiva a ponto de se tornar um problema para a saúde e a vida escolar.

É recomendável revisar periodicamente os horários e o número de atividades que as crianças realizam todos os dias, para garantir que durmam as horas que precisam. Veja algumas sugestões para isso:

  • Reservar um tempo de desconexão do cérebro. Antes de ir dormir, algumas das atividades indicadas são: ler, conversar relaxadamente em família, ouvir música suave, praticar algum hobby que distraia e tranquilize, como pintar ou montar quebra-cabeças.
  • Alcançar um estado de relaxamento corporal. Diminuir o ritmo da atividade à medida que se aproxima a hora de dormir, tomar um banho ou fazer um relaxamento depois da atividade física ajudam a preparar o corpo para o descanso.
  • Estabelecer uma rotina. Respeitar os horários do jantar e os preparativos para o momento de dormir é uma forma de oferecer ao corpo e à mente uma regularidade que pode ajudar a conciliar o sono com facilidade.
  • Prestar atenção ao número de horas de sono. O tempo necessário varia para cada pessoa, mas respeitar o mínimo recomendado de 10 horas para crianças em fase escolar garante que tenham o descanso de que necessitam.
  • Zelar pelo ambiente em casa. Para que os pequenos tenham as horas necessárias de sono com qualidade, prestar atenção ao nível de ruído que existe na casa perto da hora de ir dormir. Diminuir a intensidade da iluminação no quarto também ajuda.

Se, apesar dessas medidas, a criança continuar não descansando adequadamente, procure avaliar se existe algo específico que a preocupa e busque resolver a questão, pois um bom descanso é fundamental para o rendimento acadêmico adequado. 

Como estimular a criatividade nas crianças

A criatividade resulta de processamentos ativos no cérebro e pode ser trabalhada de forma consciente

 

A criatividade resulta de processamentos ativos no cérebro e pode ser trabalhada de forma consciente

A criatividade não é como uma lâmpada que se acende de forma involuntária na mente. Ela é o resultado de processamentos que já estão ativos no cérebro – e podemos trabalhá-los de forma consciente.

A criatividade pode ser desenvolvida em qualquer área de atividade.

odas as descrições de criatividade envolvem habilidades denominadas pelos estudos cognitivos e cerebrais como “funções executivas”. A criatividade envolve diretamente imaginação (capacidade de abstração), resolução de problemas, planejamento e organização dos processamentos cognitivos e emocionais realizados pelo cérebro.

Para uma pessoa ser inovadora ela tem que ser capaz de realizar conexões cerebrais entre áreas específicas que envolvem os conceitos cognitivos e emocionais associados à informação a ser processada. Essas conexões precisam formar redes estáveis e de uso frequente envolvendo inter-relações entre os conceitos envolvidos, sejam eles relacionados a habilidades artísticas como música, dança, jogos e brincadeiras imaginativas, ou a atividades mais estruturadas – por exemplo, habilidades de linguagem ou matemática.

Criatividade não é um processo que surge de repente no cérebro. Embora as pessoas achem que a criatividade funciona como uma lâmpada que se acende, ela é, na verdade, o resultado de processamentos que já estão ativos no cérebro em termos de funcionamento subliminar (pouco consciente). É como se as conexões cerebrais, ao se manterem ativas, acabassem por encontrar “soluções” para determinados problemas ou questionamentos que já estão sendo processados pelo cérebro.

Diversos autores consideram que a criatividade pode ser desenvolvida em qualquer área de atividade desde que fornecidos os conhecimentos e as habilidades suficientes para que sejam estimulados e respeitados as condições e o estágio de desenvolvimento em que a criança ou o adolescente se encontra.

Os estudiosos citam que a maior parte das crianças apresenta, nos primeiros anos da vida, uma capacidade criativa bastante evidente, envolvendo principalmente atividades lúdicas e recreativas. A falta de estimulação e intervenção direta do ambiente social e o próprio desenvolvimento cognitivo acabam por reduzir esse potencial.

Como podemos estimular e manter o potencial criativo de uma criança? 

O primeiro ponto importante a ser destacado é a ênfase que o adulto dá à criança nos momentos em que a criatividade é destaque. Em geral, consideramos engraçado ou ficamos passivos nesses momentos. É importante que haja uma intervenção direta com ênfase nos processos cognitivos e emocionais que a levaram a elaborar e construir os momentos criativos. Devemos propiciar a possibilidade de controle de seu potencial por meio da consciência dos pensamentos que a levaram a ser criativa.

Não podemos esquecer que a estimulação deve considerar a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra. Assim, se a criatividade envolver pensamento mágico e isso estiver de acordo com a etapa de desenvolvimento não se deve enfatizar questões cognitivas ou de raciocínio lógico, mas sim contar com a verbalização do pensamento e os questionamentos também mágicos que podem envolver a estimulação.

Abrir a inter-relação entre habilidades criativas lúdicas e simbólicas por meio de recursos verbais já permite inter-relacionar habilidades e realizar sua manutenção com aquelas de desenvolvimento posterior, mais relacionadas às esferas cognitivas e verbais.

Devemos encorajar a criança a resolver seus problemas de forma criativa e, compreender que não existe uma resposta certa e uma errada para as perguntas e dúvidas que ela apresenta. Devemos formular dúvidas com ela e ensiná-la a verbalizar o pensamento e o raciocínio para a solução de problemas. Um cuidado muito importante é o não responder às perguntas de modo automático e com a resposta pronta.

Para que a criança possa desenvolver melhor a capacidade de verbalizar seus pensamentos, devemos ser o modelo e mostrar a ela os pensamentos que nos levam a determinadas respostas. Esse é o lado interessante da criatividade: ao estimular essa habilidade nas crianças acabamos por estimulá-la em nós mesmos, melhorando nossas conexões cerebrais e favorecendo o próprio potencial.

Robinson report. Grã-Bretanha. Department for Education and Employment. Department for Culture, Media and Sport. National Advisory Commitee on Creative and Cultural Education. All Our Futures: Creativity, Culture and Education. Londres: DfEE. 1999.Runco, M. A. “Education for creative potential”. Scandinavian Journal of Educational Research, 47, 3, 317-24. 2003.Craft, A. “Creative thinking in the early years of education”. Early years, 23, 2, 143-54. 2003.Murdock, M. C. “The effects of teaching programmes intended to stimulate creativity: a disciplinary view”. Scandinavian Journal of Educational Research, 47, 3, 339-57. 2013.

Como escolher as atividades extraescolares dos filhos

Os benefícios podem desaparecer se a agenda ficar sobrecarregada

As atividades extraescolares permitem desenvolver habilidades essenciais e complementares àquelas trabalhadas em sala de aula. 

 

Atividades extraescolares são ótimas oportunidades para desenvolver competências e destrezas diferentes das que se adquire em sala de aula

 

É importante ouvir os interesses da criança

As atividades extraescolares oferecem muitos benefícios para o desenvolvimento da criança. Elas proporcionam um novo âmbito para as relações sociais e as ajudam a ser mais independentes, ao mesmo tempo que elevam a autoestima pelas conquistas obtidas.

No entanto, escolher a atividade correta não é tarefa fácil, pois muitas vezes os pais não sabem em que se basear e frequentemente têm dúvidas. Como escolher as atividades extraescolares: em função das preferências da criança, das pretensões dos pais ou da logística familiar? Para ajudá-los nesse processo, apresentamos algumas informações essenciais:

1. Motivação

A criança deve estar motivada para realizar a atividade extraescolar, que não deve ser uma imposição dos pais por gosto ou interesse próprio, ou por um desejo ou frustração de infância.

2. Interesses

Deve-se ouvir as preferências da criança ao planejar suas atividades extraescolares, mesmo que nem sempre se possa atender exatamente o que ela deseja. O ideal é que pais e filhos cheguem a um acordo.

3. Frequência

É importante não saturar a agenda da criança com cursos e aulas extraescolares (três dias por semana no máximo). A criança precisa de tempo para descansar, brincar, estar em família e fazer suas tarefas de casa, todos os dias. Por outro lado, é importante que exista um compromisso por parte dela em relação a um tempo mínimo para realizar a atividade extra.

4. Aconselhamento

Os professores, que passam grande parte do dia com seu filho e sabem como ele se desenvolve e aprende em sala de aula, podem recomendar as atividades mais adequadas, aquelas que mais poderão auxiliar em seu desenvolvimento.

5. Conceito

As atividades extraescolares contribuem para o desenvolvimento integral da criança, por isso não é recomendável usá-las como moeda de troca para possíveis prêmios ou castigos. Elas devem ter importância em si mesmas, e a criança deve entender isso. Não se aconselha suspender as atividades em caso de mau comportamento, nem obrigá-la a realizar alguma atividade como castigo.

Principais atividades extraescolares:

1) Atividades esportivas

São uma excelente maneira de combater o sedentarismo e a obesidade infantil. Entre as mais adequados para crianças estão:

  • Esportes em equipe: futebol, basquete, vôlei etc. No plano físico, desenvolvem a velocidade, os reflexos, a força e a agilidade No plano de valores, fomentam o companheirismo, a tolerância e o respeito a regras. São ótimos para crianças introvertidas.
  • Artes marciais: judô, caratê etc. Melhoram a coordenação, a força, a agilidade e a flexibilidade. Perfeitas para crianças inquietas ou agressivas, pois ajudam a dominar os impulsos. Também são muito recomendáveis para as tímidas, uma vez que aumentam a autoestima.
  • Individuais: tênis, ginástica rítmica, patinação etc. Melhoram a coordenação, o movimento e os reflexos. O tênis ajuda a descarregar a agressividade. São esportes que fomentam a superação e a capacidade de superação.

2) Idiomas

Na atualidade, é essencial falar idiomas, e quanto antes uma criança começar a aprender uma segunda língua, melhor. Está comprovado que até os 7 anos o cérebro tem uma maior plasticidade e capacidade para aprender vários idiomas ao mesmo tempo. Além disso, aprender cedo um segundo idioma favorece o aprendizado posterior de um terceiro, um quarto etc.

Ser bilíngue ou poliglota não apenas é benéfico para o futuro profissional da criança; também contribui para seu desenvolvimento intelectual e favorece as relações pessoais. Portanto, também é indicado para crianças tímidas.

3) Atividades artísticas

Favorecem a imaginação e a capacidade de superação. São indicadas para crianças criativas.

  • Danças: fomentam a agilidade, a flexibilidade e o conhecimento do corpo, além de favorecer a sociabilidade, a disciplina e a memória.
  • Teatro, escrita: desenvolvem a capacidade criativa, a comunicação e as relações sociais. O teatro é perfeito para crianças introvertidas, embora elas possam ter dificuldade a princípio.
  • Artes plásticas (pintura, escultura, fotografia): fomentam a criatividade, a imaginação, a motricidade fina e a expressão plástica. Ótimas atividades para crianças introvertidas e extrovertidas.
  • Música: desenvolve a memória, a percepção auditiva, a capacidade de atenção, a superação e a disciplina. A música é muito adequada para jovens organizados, maduros, meticulosos e exigentes consigo mesmos.

Transtornos de aprendizagem

Cada vez mais, crianças e adolescentes são diagnosticadas com algum transtorno de aprendizagem. Mas, o problema está na criança ou os ambientes ao redor não utilizam metodologias apropriadas para desenvolver o potencial dela? 

Quando pensamos em educação, um dos grandes objetivos da família e da escola é desenvolver o potencial da aprendizagem da criança de forma plena e tranquila. Porém, muitas vezes, com o ingresso na escola surgem dificuldades que começam a ser observadas pelos pais ou são apontadas pelos professores e nos fazem questionar as condições que envolvem a aprendizagem.

Afinal, o problema está na criança ou a escola não consegue utilizar metodologias apropriadas para desenvolver seu potencial? Essa não é uma pergunta fácil de ser respondida, e é essencial conhecer e observar a criança em diversos ambientes e situações para chegar a uma conclusão que permita à escola, aos pais e a possíveis profissionais envolvidos em seu atendimento desenvolver o potencial necessário para que a aprendizagem possa se regularizar.

O diagnóstico envolvendo a aprendizagem, ao contrário de outros na área de saúde, sofre interferência constante do ambiente. Isso pode provocar a sobreposição de sintomas e dificultar a implementação de processos de intervenção efetivos. Não basta ter uma queixa de dificuldade de aprendizagem para saber qual é o problema. É preciso investigar a sua estrutura pedagógica da escola e a participação do aluno no contexto escolar; a estrutura familiar e se ela permite à criança cumprir o processo de ensino-aprendizagem, incluindo em sua rotina momentos propícios ao estudo e à reflexão escolar; e, é claro, do potencial cognitivo e emocional dela.

Quando consideramos a interface ambiente-cérebro (nos aspectos cognitivos e emocionais) resultando na aprendizagem, encontramos diversos estudos que confirmam essas inter-relações. A leitura, a escrita e a aprendizagem do cálculo matemático não dependem somente de aspectos desenvolvimentais. São invenções sociais e culturais que dependem do cérebro, porém, é fundamental que existam condições ambientais e emocionais para que ocorra uma aprendizagem efetiva e coerente. É necessário que a escola propicie, por exemplo, condições para a aquisição das habilidades necessárias para a aprendizagem de forma sequencial e coerente. Assim, para a aprendizagem da leitura e da escrita é necessário o reconhecimento das letras e a conversão grafo-fonêmica; no caso das habilidades matemáticas, é importante que a criança encontre com ambientes que propiciem a organização do raciocínio matemático e das noções de quantidade para que as quatro operações básicas se estabeleçam.

Os pais também devem providenciar um suporte de situações estratégicas e de vida real que permitam a criança vivenciar a utilização desses conceitos. A necessidade dessas aquisições deve ser enfatizada por meio da leitura de livros, da construção de imagens mentais, de brincadeiras envolvendo conceitos (rimas, aliteração, cálculos) e do fortalecimento social e emocional que as pessoas adquirem quando têm essas informações.

Autores como Ciasca, Zorzi e Capellini, e Pantano e Zorzi, que estudam e atuam na área de educação, consideram as alterações do processo de ensino-aprendizagem por meio dos seguintes critérios diagnósticos:

– Dificuldades ou problemas de aprendizagem: falhas decorrentes de condições ambientais inadequadas ou falhas pedagógicas; alterações entre as modalidades de ensino e de aprendizagem.

– Distúrbio de aprendizagem ou transtorno de aprendizagem: alterações resultantes de processos cognitivos intrínsecos ao sujeito da aprendizagem.

O transtorno de aprendizagem é considerado específico e recebe classificações (dislexia, disgrafia e discalculia) quando não pode ser atribuível a fatores externos como questões econômicas, sociais ou educacionais, desenvolvimento intelectual, problemas motores ou de linguagem ou deficiências sensoriais. Esse diagnóstico só pode ser realizado a partir da entrada da criança na educação formal por uma equipe multidisciplinar.

O maior objetivo na intervenção dos transtornos de aprendizagem é ajudar a criança a adquirir o conhecimento e as habilidades necessárias para compreender e participar ativamente da situação escolar por meio de suas habilidades. Se um aluno não possui uma linguagem oral competente, ele apresenta risco para dificuldades acadêmicas, comportamentais, sociais e emocionais. Normalmente, observa-se em crianças com transtornos de aprendizagem prejuízos no processamento da linguagem, no processamento fonológico, no processamento visoespacial, na velocidade de processamento, na memória e atenção e na função executiva.

Uma boa avaliação e um planejamento adequado para tratar transtornos de aprendizagem devem envolver os pontos fortes e fracos da criança e/ou adolescente e objetivos semanais, mensais e anuais. Deve-se, também, estabelecer quais estratégias, canais sensoriais e recursos cognitivos serão utilizados de forma prioritária para garantir a compreensão das atividades e as explicações. 

1. Berninger V. W., May M. O. M. “Evidence-based diagnosis and treatment for specific learning disabilities involving impairments in written and/or oral language”. J. Learn. Disabil. 2011;44(2):167-83.

2. Ciasca, S. M. Distúrbios de aprendizagem – Proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003.

3. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Sistema Nacional de Educação Básica – Saeb, 2005. [acesso em 20 de abril de 2012]. Disponível em http://www.inep.gov.br/.

4. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Prova Brasil, 2007. [acesso em 20 de abril de 2012]. Disponível em: http://www.inep.gov.br/.

5. OECD, C.f.E.R.a.I. “Preliminary Synthesis of the Second High Level Forum and Learning Sciences and Brain Research: Potential Implications for Education Policies and Practices. Brain Mechanisms and Youth Learning”. OECD Report, Granada, Espanha. 2001c.

6. Pantano, T., Zorzi, J. Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos: Pulso Editorial; 2009.

7. Snowling, M.; Hulme, C. The science of reading: A handbook. Oxford, Reino Unido: Blackwell. 2005.

8. Zorzi, J., Capellini, S. Dislexia e outros problemas de aprendizagem. São José dos Campos: Pulso Editorial; 2008.

Metodologias ativas para a aprendizagem

Uma metodologia ativa coloca o estudante em um papel protagonista em relação à construção da própria aprendizagem.

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Estratégias e didáticas que favorecem que os estudantes sejam protagonistas de sua aprendizagem, visando um melhor aproveitamento escolar e o desenvolvimento de atitudes mais coerentes com as demandas da atualidade.

Quanto mais as famílias compreenderem e apoiarem a escola na implementação de mudanças, maior será a chance de os estudantes se envolverem e assumirem posturas ativas, protagonistas, beneficiando-se ao máximo das novas possibilidades dentro da escola.

A educação pós era industrial

O modelo tradicional de escola, baseado em professores transmissores de informações e em provas, foi desenhado para atender as necessidades da “era industrial”, quando a hierarquia, a padronização e a repetição eram a grande inovação.

Hoje, na era do conhecimento, famílias e empresas tendem ao diálogo e à participação, crianças e jovens têm acesso a informações via internet e televisão, e novas profissões surgem a cada dia. O mercado de trabalho e a vida em geral demandam autonomia e espírito empreendedor, criatividade, capacidade de adaptação, pensamento crítico e inteligência emocional.

Embora escolas alternativas e menos tradicionais venham trabalhando nessa linha há décadas, é nesse contexto que as chamadas metodologias ativas vêm ganhando cada vez mais destaque no Ensino Básico e Superior, no Brasil e no mundo. Em uma busca na internet, você terá acesso a inúmeros artigos e estudos de caso e poderá se familiarizar mais com o tema.

Princípios das metodologias ativas

Chamamos de metodologias ativas um conjunto de metodologias, estratégias e didáticas elaboradas para que os alunos sejam protagonistas de sua aprendizagem, visando um melhor aproveitamento escolar e o desenvolvimento de atitudes mais coerentes com as demandas da atualidade.

Embora haja um conjunto de metodologias específicas descritas como ativas, qualquer atividade focada na aprendizagem que siga alguns princípios e formatos pode ser assim qualificada.

Metodologias ativas exigem dos alunos capacidade de levantar questões sobre temas específicos, buscar, organizar, analisar e validar dados e informações, elaborar e testar hipóteses, solucionar problemas, criar e planejar, aplicar conhecimentos em práticas diversas, trabalhar colaborativamente e desenvolver autoavaliação e avaliação de pares, entre outros.

Uma metodologia ativa elimina a atitude passiva do estudante e o coloca em um papel protagonista em relação à construção da própria aprendizagem. O professor passa a ser um mediador, um provocador, um orientador dos caminhos percorridos pelos alunos.

Aprendizagem baseada em projetos

Esse é um método bastante testado e difundido, e costuma entusiasmar as classes. Trata-se de organizar a aprendizagem a partir da elaboração de um projeto com um objetivo final. Os conteúdos vão sendo pesquisados, elaborados e aplicados pelos estudantes conforme o projeto é executado. Por exemplo, na construção de um avião em madeira, é possível explorar aprendizagens nas áreas de história e geografia, matemática e ciências, artes e línguas.

As aprendizagens podem seguir um currículo mais aberto, que caminha estritamente focado no interesse da classe, ou um currículo mais diretivo, no qual os educadores dirigem certos conteúdos de acordo com os contextos do projeto de maneira a torná-los significativos, vivenciados e aplicados pelos alunos.

As formas de avaliação são várias e podem ocorrer ao longo do projeto, conforme os estudantes vão passando pelas etapas planejadas, ou mesmo com verificações de aprendizagem ao final do trabalho.

Ensino híbrido e aula invertida

Essas são propostas recentes que têm ganhado espaço por apresentarem resultados satisfatórios e muita flexibilidade de uso para diversos tipos de escolas e alunos.

O ensino híbrido mescla recursos presenciais com virtuais de modo a ampliar as possibilidades de fontes de estudo, antes restritas ao espaço da sala de aula ou da escola.

Com recursos digitais é possível trazer para dentro da classe os museus mais importantes do mundo, documentos e monumentos históricos, manifestações de culturas tradicionais ou distantes, além de profissionais dos mais diversos tipos com os quais alunos podem interagir para obter um aprendizado vivo e estimulante.

No caso da aula invertida, os recursos digitais são estudados previamente e os alunos chegam às aulas com perguntas, dúvidas e pontos a debater sobre o tema em estudo, tornando os momentos com a presença de professor mais ricos e proveitosos.

Aprendizagem entre pares

Esse método baseia-se na troca e interação entre estudantes. Em um desenho mais formal, duplas respondem a um mesmo questionário ou roteiro inicial sobre o tema a ser explorado. Em seguida, a classe compara respostas e inicia-se o processo de aprendizagem a partir das dúvidas, problematizações e aspectos mais críticos do tema em estudo.

O método possibilita que o professor tenha um diagnóstico sobre o que os alunos podem ensinar uns aos outros, até que ponto podem caminhar sozinhos e quanto ele deverá interferir.

Há variações dessa estrutura, sem questionários iniciais, mas que também exploram a colaboração entre estudantes e a mediação do docente.

Parceria entre família e escola

Vale lembrar que as metodologias ativas mudam a visão tradicional de educação e podem causar insegurança nas famílias e, em alguns casos, nos alunos. Por isso, é importante que os pais conversem com as coordenações pedagógicas e com os professores para conhecer o que as escolas estão aplicando e compreender como acompanhar e apoiar os filhos nesses novos modelos de estudos. A parceria entre família e escola é mais do que bem-vinda para que essas inovações sejam confortáveis para todos e tenham êxito nos resultados de aprendizagem.

Quanto mais as famílias compreenderem e apoiarem a escola na implementação dessas mudanças, maior será a chance de os estudantes se envolverem e assumirem posturas ativas, protagonistas, beneficiando-se ao máximo das novas possibilidades dentro da escola.