Como educar os adolescentes para atitudes produtivas no mundo digital?

A tecnologia como forma de ocultação pessoal.

Assista ao vídeo agora com a participação da Marcia Padilha e Telma Pantano sobre o tema.

As crianças de hoje estão mesmo diferentes das gerações anteriores?

A tecnologia abre portas, mas nem todas elas levam as coisas boas.

Assista ao vídeo agora com a participação da Marcia Padilha e Telma Pantano sobre o tema.

O nosso cérebro está mudando?

As crianças de hoje já estão habituadas a um material visual muito variado e rico.

Assista ao vídeo agora com a participação da Marcia Padilha e Telma Pantano sobre o tema.

Uso de celular na sala de aula: sim ou não?

Como iniciar um trabalho organizado com celulares na sala de aula?

Assista ao vídeo agora com a participação da Marcia Padilha e Telma Pantano sobre o tema.

Como ajudar meus filhos a escolherem a carreira certa?

Os pais precisam se informar sobre o que está por vir.

Assista ao vídeo agora com a participação da Fernanda Furia e Maria Padilha sobre o tema.

Dos millenials à geração Z

​YouTube e Podcast: a TV e o rádio do presente.

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A televisão e o rádio são meios de comunicação obsoletos para as crianças e os jovens de hoje. Agora, eles é que decidem quando, como e em que aparelho consumir os conteúdos que estão à disposição no YouTube e em outras plataformas de vídeo.

Com um telefone celular e conexão à internet pode-se criar conteúdo e publicá-lo facilmente em plataformas de vídeo.

Ver vídeos e ouvir áudios é muito simples para qualquer criança ou adolescente com acesso à internet. A rapidez com que os conteúdos se renovam e a facilidade de acesso faz com que eles os prefiram em relação aos meios tradicionais, como a TV ou o rádio. Além disso, existe uma legião de criadores de conteúdo atraente: os youtubers ou videobloggers, que publicam um ou mais vídeos por semana – ou até diariamente – sobre os mais diversos temas. Por ter idade próxima à de seu público, conectam-se rapidamente com a audiência usando a linguagem e os códigos próprios da faixa etária.

Humor, música, beleza, jogos, esportes, animação, informática, tutoriais de todo tipo ou, simplesmente, histórias pessoais são alguns dos temas que mais fazem sucesso no YouTube. Os donos dos canais são valorizados pelos seguidores como autênticos líderes de opinião e estrelas da mídia. Conteúdo em formato áudio também tem boa receptividade. São os podcasts, programas de rádio que oferecem as mesmas possibilidades de temas e têm a vantagem de, depois de baixados nos dispositivos, não consumir dados do plano de internet do usuário.

O que fazer quando seu filho quer imitar seus ídolos do YouTube?

Se seu filho também quer ser youtuber, convém apoiar o interesse específico dele e incentivar, dentro do possível, que desenvolva a atividade em questão inicialmente como hobby para, quem sabe mais tarde, transformá-la em trabalho remunerado (alguns youtubers com centenas de milhares – ou milhões – de seguidores faturam muito com a publicação de seus vídeos).

Com uma câmera ou um telefone celular e um computador com conexão à internet pode-se criar conteúdo e publicá-lo facilmente em plataformas como YouTube ou Vimeo. Se é isso o que o seu filho quer, as orientações a seguir facilitarão o trabalho dele (e o seu!):

  • • Demonstre interesse pelo que ele faz. Ele se sentirá apoiado e animado para desenvolver o que gosta. 
  • • Disponibilize a tecnologia que estiver a seu alcance. Participe do projeto ajudando-o a gravar ou organizando um espaço para que trabalhe com mais conforto. 
  • • Proponha temas. Contribua e discuta ideias, evitando censurar as dele. 

Como criar um vídeo para o YouTube? 

1.       Vocês precisarão de uma câmera de vídeo ou de foto que também grave vídeo ou de um smartphone que registre com qualidade de HD 720p.

2.       O melhor é gravar de dia, em um cômodo bem iluminado ou em uma área externa. A luz nessas condições é adequada e vocês não necessitarão de equipamentos extras, como rebatedores ou lâmpadas profissionais.

3.       Escolham um tema que considerem interessante. Depois, pesquisem juntos na internet sobre o assunto para decidir sobre o que irão gravar.

4.       Depois de escolher o tema, o melhor é escrever um pequeno roteiro – de uma ou duas páginas –, para reunir o que seu filho vai dizer diante da câmera. Para começar, bastam três ideias gerais.

5.       Coloque a câmera ou o smartphone sobre um tripé ou use uma superfície estável como apoio, para que o aparelho não se mova durante a gravação.

6.       Faça um teste para checar se o som e a iluminação estão corretos e para ensaiar a fala e… Vocês estão prontos para gravar!

7.       Salve o conteúdo da gravação no computador e edite-o com um dos programas gratuitos disponíveis.

8.       Crie um canal seguindo as instruções da plataforma escolhida.

9.       Publique o conteúdo no canal que vocês criaram. A plataforma indica como fazer isso passo a passo, de maneira simples.

10.   Pronto. O vídeo já está na rede! 

Muitos adolescentes estão familiarizados com todo o processo, e precisarão de ajuda apenas em algumas etapas. Crianças menores em geral querem apenas brincar de gravar o próprio vídeo, e precisarão de orientação. Nesse caso, não será necessário publicá-lo na rede – o simples fato de criar algo que a família possa assistir depois é prêmio suficiente para elas.

Produzir vídeos também é uma maneira de entender os interesses dos filhos e de aproveitar um tempo em família, ajudando-os em uma primeira experiência que pode ser muito gratificante e enriquecedora para todos. 

Os jogos e a educação

Estratégias de gamificação vêm sendo aplicadas nas escolas inovadoras, e também funcionam em outros âmbitos da vida, como no trabalho ou em casa.

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Gamificação consiste em empregar mecânicas de jogo em ambientes lúdicos para potencializar a motivação, a concentração, o esforço… 

É necessário identificar bons jogos e ter clareza de quais oferecer, a depender dos objetivos desejados e da faixa etária.

Homo ludens

O célebre historiador holandês John Huizinga, demonstrou em seu livro Homo ludens que o lúdico é um elemento que constitui a própria natureza e cultura humanas, presente na linguagem e nas atividades produtivas e ritualísticas desde tempos imemoriais. Do bebê ao idoso, o jogo é um recurso de aprendizagem e de socialização. Por ser algo natural e intuitivo, podemos não nos dar conta de sua importância, mas há muito tempo já se conhece seu potencial em contextos educacionais.

 

Jogos bons, jogos ruins, jogos adequados

Não é verdade que todo e qualquer jogo traga ganhos. É necessário identificar bons jogos e ter clareza de quais oferecer, a depender dos objetivos desejados e da faixa etária. Essa “regra” se aplica a jogos tradicionais, a jogos de tabuleiro e também a nossos conhecidos jogos eletrônicos (qual adulto não se sente confuso em relação a isso?).

De um modo bastante genérico, bons jogos possuem objetivos e desafios, regras claras e lógicas, papéis diversificados, estruturas de recompensas estimulantes, diferentes habilidades envolvidas, narrativas instigantes e variáveis incontroláveis, como a sorte. É o que chamamos de “jogabilidade”.

Quando essas características estão bem dosadas em um jogo, vemos crianças, adolescentes e adultos sentirem-se desafiados a ponto de gritarem e pularem a cada lance bem sucedido ou ficarem horas a fio envolvidos em uma só partida. Os jogos ruins são aqueles que não apresentam esses elementos ou que não os equilibram de modo instigante. Costumam ser abandonados em… três, dois, um minuto!

Jogos adequados são aqueles que exigem dos jogadores habilidades, destrezas e conhecimentos instigantes, difíceis, desafiadores, mas realmente possíveis de serem superados por cada faixa etária. A escolha de jogos – seja na escola ou em casa – não deve inviabilizar a experiência lúdica, seja por demandas inacessíveis ou fáceis demais.

 

Os jogos e o desenvolvimento de bebês

Para as crianças de zero a três anos a brincadeira é o principal recurso de aprendizagem e desenvolvimento.

Quando brincamos com o bebê nos escondendo e aparecendo, ao mesmo tempo que exclamamos “Cadê?”, “Achou!”, muito acontece: ele se vincula afetivamente com seus cuidadores e desenvolve estabilidade emocional, estruturas básicas de pensamento lógico e matemático, e o prazer da interatividade, da surpresa e da confirmação de sua expectativa.

É muita coisa em uma brincadeira só! Existem mais do que suficientes estudos científicos para comprovar esses benefícios.

 

Regras, respeito ao próximo, trabalho em equipe: jogo e criança pequena

Paras crianças na primeira etapa do Ensino Fundamental – cerca de 6 a 10 anos – jogar é um exercício primordial. Ao jogar, elas precisam desenvolver autocontrole e persistência, convivendo com momentos de sucesso e de fracasso; aprendem a portar-se eticamente, respeitando as regras, mesmo se tiverem oportunidade de burlá-las; e experimentam a concentração e o foco, ainda uma conquista nessa etapa da vida.

Nessa idade, os jogos também representam a possibilidade de uma dinâmica de aula mais interessante, que permite que a movimentação física típica dessa idade seja acolhida de forma aliada a aprendizagens importantes.

Nas cidades, onde as crianças passam boa parte do tempo isoladas em suas casas ou apartamentos sem ter a oportunidade de vivenciar brincadeiras de rua, os jogos em times são um aprendizado importante para a convivência e para o desenvolvimento de espírito de equipe, sentido de colaboração e respeito aos próprios limites e aos dos colegas.

 

Espinhas, namoros, conflitos e… gamificação

Os jogos não perdem nenhuma importância entre pré-adolescentes e jovens, o que seu interesse por jogos eletrônicos comprova. Portanto, dentro de certos limites – sem substituir a família e os amigos –, a escola pode usar recursos lúdicos para apoiar esses meninos e meninas a enfrentar as dores e os prazeres dessa fase da vida tão especial.

Para esse público, jogos podem auxiliar no autoconhecimento, nas sensações de inadequação, no estranhamento em relação ao corpo e aos sentimentos, nos conflitos de autoridade com os pais e com o mundo e no desejo de ampliar conhecimentos e horizontes.

Por isso, jogos do tipo corporais e teatrais, jogos com desafios por equipes, jogos narrativos – como RPG e similares – são muito indicados para estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio.

Nos jogos, os alunos e os educadores podem explorar juntos situações que exigem leveza e bom-humor, que trabalham o contato físico, a exposição e o acolhimento entre os participantes e que, quando bem mediados, favorecem um clima mais solidário e humano no ambiente escolar. Nessa etapa da vida, isso facilitará o convívio, a disciplina, o interesse pela escola e, em consequência, a aprendizagem.

Os bons games exploram raciocínio lógico, pensamento estratégico, planejamento, memorização, criatividade, habilidades de comunicação e convivência multicultural – especialmente no caso dos jogos online. Nos mais complexos, vários desses elementos são combinados. Esses aspectos lhe soam familiares? Provavelmente sim, se você já ouviu falar nas “competências para o século XXI”: os jogos eletrônicos possibilitam vivências e experimentação de habilidades valorizadas hoje em dia.

Também é possível gamificar lições de casa, pesquisas, tarefas, aulas e seminários, introduzindo elementos típicos de jogos que são muito familiares aos estudantes, tais como recompensas colecionáveis, pontuações, níveis de dificuldade e etapas, narrativas e quizzes. Esses recursos costumam criar situações favoráveis à aprendizagem de conteúdos em qualquer área do conhecimento.

Os jogos e as brincadeiras têm, portanto, enorme potencial educativo. Quanto mais divertidos, melhor. Vale a pena bater um papo na escola de seus filhos sobre os benefícios dos jogos na educação. Também vale uma escapadinha da rotina para jogar com eles, aproveitando para fortalecer vínculos e compreendê-los melhor. Todo mundo sai ganhando.

 

Metodologias ativas para a aprendizagem

Uma metodologia ativa coloca o estudante em um papel protagonista em relação à construção da própria aprendizagem.

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Estratégias e didáticas que favorecem que os estudantes sejam protagonistas de sua aprendizagem, visando um melhor aproveitamento escolar e o desenvolvimento de atitudes mais coerentes com as demandas da atualidade.

Quanto mais as famílias compreenderem e apoiarem a escola na implementação de mudanças, maior será a chance de os estudantes se envolverem e assumirem posturas ativas, protagonistas, beneficiando-se ao máximo das novas possibilidades dentro da escola.

A educação pós era industrial

O modelo tradicional de escola, baseado em professores transmissores de informações e em provas, foi desenhado para atender as necessidades da “era industrial”, quando a hierarquia, a padronização e a repetição eram a grande inovação.

Hoje, na era do conhecimento, famílias e empresas tendem ao diálogo e à participação, crianças e jovens têm acesso a informações via internet e televisão, e novas profissões surgem a cada dia. O mercado de trabalho e a vida em geral demandam autonomia e espírito empreendedor, criatividade, capacidade de adaptação, pensamento crítico e inteligência emocional.

Embora escolas alternativas e menos tradicionais venham trabalhando nessa linha há décadas, é nesse contexto que as chamadas metodologias ativas vêm ganhando cada vez mais destaque no Ensino Básico e Superior, no Brasil e no mundo. Em uma busca na internet, você terá acesso a inúmeros artigos e estudos de caso e poderá se familiarizar mais com o tema.

Princípios das metodologias ativas

Chamamos de metodologias ativas um conjunto de metodologias, estratégias e didáticas elaboradas para que os alunos sejam protagonistas de sua aprendizagem, visando um melhor aproveitamento escolar e o desenvolvimento de atitudes mais coerentes com as demandas da atualidade.

Embora haja um conjunto de metodologias específicas descritas como ativas, qualquer atividade focada na aprendizagem que siga alguns princípios e formatos pode ser assim qualificada.

Metodologias ativas exigem dos alunos capacidade de levantar questões sobre temas específicos, buscar, organizar, analisar e validar dados e informações, elaborar e testar hipóteses, solucionar problemas, criar e planejar, aplicar conhecimentos em práticas diversas, trabalhar colaborativamente e desenvolver autoavaliação e avaliação de pares, entre outros.

Uma metodologia ativa elimina a atitude passiva do estudante e o coloca em um papel protagonista em relação à construção da própria aprendizagem. O professor passa a ser um mediador, um provocador, um orientador dos caminhos percorridos pelos alunos.

Aprendizagem baseada em projetos

Esse é um método bastante testado e difundido, e costuma entusiasmar as classes. Trata-se de organizar a aprendizagem a partir da elaboração de um projeto com um objetivo final. Os conteúdos vão sendo pesquisados, elaborados e aplicados pelos estudantes conforme o projeto é executado. Por exemplo, na construção de um avião em madeira, é possível explorar aprendizagens nas áreas de história e geografia, matemática e ciências, artes e línguas.

As aprendizagens podem seguir um currículo mais aberto, que caminha estritamente focado no interesse da classe, ou um currículo mais diretivo, no qual os educadores dirigem certos conteúdos de acordo com os contextos do projeto de maneira a torná-los significativos, vivenciados e aplicados pelos alunos.

As formas de avaliação são várias e podem ocorrer ao longo do projeto, conforme os estudantes vão passando pelas etapas planejadas, ou mesmo com verificações de aprendizagem ao final do trabalho.

Ensino híbrido e aula invertida

Essas são propostas recentes que têm ganhado espaço por apresentarem resultados satisfatórios e muita flexibilidade de uso para diversos tipos de escolas e alunos.

O ensino híbrido mescla recursos presenciais com virtuais de modo a ampliar as possibilidades de fontes de estudo, antes restritas ao espaço da sala de aula ou da escola.

Com recursos digitais é possível trazer para dentro da classe os museus mais importantes do mundo, documentos e monumentos históricos, manifestações de culturas tradicionais ou distantes, além de profissionais dos mais diversos tipos com os quais alunos podem interagir para obter um aprendizado vivo e estimulante.

No caso da aula invertida, os recursos digitais são estudados previamente e os alunos chegam às aulas com perguntas, dúvidas e pontos a debater sobre o tema em estudo, tornando os momentos com a presença de professor mais ricos e proveitosos.

Aprendizagem entre pares

Esse método baseia-se na troca e interação entre estudantes. Em um desenho mais formal, duplas respondem a um mesmo questionário ou roteiro inicial sobre o tema a ser explorado. Em seguida, a classe compara respostas e inicia-se o processo de aprendizagem a partir das dúvidas, problematizações e aspectos mais críticos do tema em estudo.

O método possibilita que o professor tenha um diagnóstico sobre o que os alunos podem ensinar uns aos outros, até que ponto podem caminhar sozinhos e quanto ele deverá interferir.

Há variações dessa estrutura, sem questionários iniciais, mas que também exploram a colaboração entre estudantes e a mediação do docente.

Parceria entre família e escola

Vale lembrar que as metodologias ativas mudam a visão tradicional de educação e podem causar insegurança nas famílias e, em alguns casos, nos alunos. Por isso, é importante que os pais conversem com as coordenações pedagógicas e com os professores para conhecer o que as escolas estão aplicando e compreender como acompanhar e apoiar os filhos nesses novos modelos de estudos. A parceria entre família e escola é mais do que bem-vinda para que essas inovações sejam confortáveis para todos e tenham êxito nos resultados de aprendizagem.

Quanto mais as famílias compreenderem e apoiarem a escola na implementação dessas mudanças, maior será a chance de os estudantes se envolverem e assumirem posturas ativas, protagonistas, beneficiando-se ao máximo das novas possibilidades dentro da escola.

Promover o pensamento crítico para a independência

Desenvolva a autonomia como atitude diante da vida.

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Questionar o mundo ao redor e analisar a veracidade das informações levando em conta evidências objetivas nos torna menos influenciáveis a manipulações e a informações errôneas.

O pensamento crítico é o processo intelectual que nos permite pensar de forma lógica e chegar a uma resposta sensata.

O pensamento crítico é um processo intelectual que se realiza de forma consciente e autorregulada e que exige usar a lógica para chegar a um juízo razoável analisando, avaliando, interpretando, inferindo e explicando a realidade por meio de questões evidenciáveis e objetivas. Consiste em ser receptivo à informação, questionando-a, sem aceitá-la de imediato.

Devemos usar a inteligência de maneira racional e eficaz

Pensamos o tempo todo, mas nosso cérebro não pode processar simultaneamente toda a informação que recebe. Assim, utilizamos alguns “atalhos” para funcionar de maneira adequada, o que faz com que, em muitos momentos, simplesmente acumulemos informação de maneira sistemática, sem parar para analisá-la, ou que baseemos o pensamento em preconceitos e outras ideias distorcidas. 

Apesar da comodidade que esse recurso proporciona, é imprescindível treinar desde cedo as habilidades necessárias para usar a inteligência e o conhecimento de maneira racional e eficaz.

As características do pensamento crítico, segundo o Miniguia para o pensamento crítico (2003) são:

  • • Receptividade: capacidade de realizar observações detalhadas sobre um objeto ou informação e emitir conclusões.
  • • Questionamento e reconstrução do saber: estar aberto a novas descobertas, relacionar conhecimentos novos com antigos.
  • • Questionamento permanente: não ser conformista; buscar e enunciar o porquê de tudo.
  • • Mente aberta: não ter opiniões rígidas, mas disposição para aceitar as ideias dos outros e reconhecer os próprios equívocos.
  • • Coragem intelectual: enfrentar as decisões difíceis ou não aceitar as críticas dos outros.
  • • Autorregulação: capacidade de controlar a maneira de pensar e de atuar.
  • • Controle emocional: manter a calma diante de ideias ou pensamentos contrários aos seus e não se deixar levar por impulsos.
  • • Avaliação justa: dar às opiniões e acontecimentos o valor que objetivamente mereçam.

Por que é importante que as crianças aprendam a pensar de maneira crítica?

As crianças estão sempre aprendendo, e o pensamento crítico lhes permite evitar a memorização e a rotina e realizar aprendizados significativos. Ou seja, pensar a partir do que estão aprendendo para que o conteúdo faça sentido para elas, e não seja uma mera acumulação de dados.

Pensar criticamente favorece a motivação e a curiosidade para aprender, já que a criança é o ator principal do processo, e não apenas um receptor de informação. Além disso, favorece o desempenho acadêmico, já que também prepara para a aquisição de competências matemáticas, de leitura e de escrita, e facilita a compreensão do método científico.

Assim, pensar de maneira crítica é pensar de maneira racional, levando em conta as possíveis opções e suas consequências, sem se deixar levar pelas emoções, o que constitui uma vantagem para resolver problemas e tomar decisões.

A capacidade de questionar a realidade e analisar a veracidade das informações levando em conta evidências objetivas também nos torna menos influenciáveis a manipulações e a informações errôneas.

Em síntese: pensar criticamente fomenta nas crianças a capacidade de antecipar acontecimentos e atuar diante deles com autonomia e responsabilidade; de ser mais flexíveis no nível cognitivo; de não se deixar levar por preconceitos; e de ser mais tolerante diante de diferentes pontos de vista.

Como desenvolver o pensamento crítico nas crianças?

Existem crianças são mais curiosas do que outras e questionam o mundo de maneira natural. No entanto, todas podem aprender habilidades de pensamento crítico, e tanto pais como professores são os melhores orientadores desse processo. A seguir, apresentamos sugestões de atividades para desenvolver o pensamento crítico:

  • • Sempre que uma criança pergunta o porquê de alguma coisa, é importante não responder de modo direto, mas perguntar o que ela acha, para que primeiro chegue às próprias conclusões. Depois disso, o adulto pode fornecer informação adicional.
  • • Realizar atividades nas quais ela tenha que avaliar detalhes. Por exemplo, pedir que observe bem uma ilustração ou um quadro e perguntar: “O que você acha que está acontecendo aqui?”; “Por que acha que isso está acontecendo?”.
  • • Agir como modelo, pensando em voz alta quando precisar resolver um problema ou situação.
  • • Antes de uma leitura, seja um livro ou uma atividade para casa, fazer perguntas, para que a criança se conscientize da informação prévia que já tem sobre o tema.
  • • Ao terminar uma leitura ou atividade para casa, perguntar à criança o que ela sabia antes e o que sabe agora sobre o assunto, e se algo mudou em relação ao que pensava.
  • • Sempre que possível, permitir que a criança aprenda mediante projetos nos quais tenha que buscar, analisar, resumir e apresentar informações obtidas em várias fontes, pois isso exige que se aprofunde no assunto pesquisado.
  • • Ensiná-la a avaliar o trabalho de maneira objetiva. Por exemplo, pode registrar o que aprendeu – escrever a respeito implica tomar consciência do que sabe –, sintetizar, expor e, posteriormente, cotejar a informação que possui com a obtida em outras fontes (livros, enciclopédias etc.) para corrigir informações, incluir dados ou eliminar o que não é relevante.
  • • Trabalhar na realização de inferências. Por exemplo, tanto em um relato oral como em um filme ou texto, o adulto pode perguntar à criança por que determinados fatos acontecem e como ela os interpreta. Ao ler um texto, trabalhar com o estabelecimento de hipóteses, focando as perguntas não apenas em questões de memória (o que, como, quando, onde), mas também em aspectos que não constem de forma literal, mas que ela deve extrair de seus conhecimentos prévios.
  • • Ajudá-la a compreender conceitos de maneira crítica. Por exemplo, pedir à criança que procure um conceito no dicionário e depois perguntar o que aquele termo significa para ela, solicitando que o aplique em alguma frase ou em algum exemplo espontâneo.
  • • Ensinar a criança a trabalhar em equipe: compartilhar ideias com os outros, chegar a acordos e ceder em alguns aspectos.
  • • Treinar a criança a resolver problemas cotidianos: identificar o problema, fazer um levantamento de ideias sobre possíveis soluções, pensar em vantagens e desvantagens de cada uma e decidir qual é a melhor opção.
  • • Realizar debates sobre temas controversos nos quais a criança tenha que defender sua posição e também a contrária com argumentos, não com opiniões ou crenças.
  • • Ensinar a criança a comparar informações. Por exemplo, perguntar a ela em que se parecem e se diferenciam dois conceitos, personagens ou histórias.
  • • Quando ela se equivoca, fazer perguntas para ajudá-la a encontrar a solução correta e também estimulá-la a fazer perguntas para que se aprofunde na investigação e, em seguida, se corrija.
  • • Transmitir-lhe valores essenciais como empatia, responsabilidade, tolerância e justiça, e que os utilize nos questionamentos que fizer da realidade.
  • • Deixar, sempre que possível, que a criança decida com autonomia, para que aprenda a assumir a responsabilidade por suas decisões.

Paul, R. e Elder, Linda. La mini-guía para el pensamiento crítico – conceptos y herramientas. Fundación para el Pensamiento Crítico (2003).

Aprender a aprender: o desenvolvimento da autonomia do estudante

O aprendizado focado em memorização de conteúdos vem sendo substituído por metodologias que estimulam o aprender a pensar e a resolver problemas reais.

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O aprendizado focado em memorização de conteúdos vem sendo substituído por metodologias que estimulam o aprender a pensar criticamente e o aprender a aprender.

As escolas inovam e se reinventam para transformar suas práticas pedagógicas em experiências relevantes para todos os estudantes.

Novos tempos, novas exigências

Podemos dizer, com segurança, que a exigência sobre o estudante de hoje é bem mais complexa do que na primeira metade do século passado. Basta perceber o quanto decorar os afluentes de um rio – habilidade muito valorizada no tempo de nossos avós – é mais simples do que, por exemplo, compreender, analisar e criticar os fatores socioambientais que incidem sobre o ecossistema de um rio. Esse é o tipo de demanda que se coloca aos estudantes hoje.

É natural que se dê menos valor à memorização de fatos e datas em uma sociedade em que dados e informações objetivas podem ser obtidos rapidamente na internet. A exigência passa a ser, então, a capacidade de transformar informações em conhecimento significativo e socialmente relevante.

Além disso, vivemos em uma sociedade que revisa e produz conhecimento em ritmo galopante, com o surgimento de novas profissões e a extinção de outras. Nesse contexto, outra exigência que nos é colocada é a de aprender por toda a vida, após as etapas formais de estudo, inclusive do Ensino Superior.

É hora de redescobrir a escola, mas uma nova escola

Em 1996, um importante relatório sobre a educação para o século 21 produzido para a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) por especialistas de todo o mundo motivou grandes debates, pesquisas e propostas de renovação pedagógica. Desde então, essas discussões têm influenciado significativamente o reposicionamento das prioridades educacionais em muitos países, inclusive no Brasil.

O relatório “Educação: um tesouro a descobrir” coloca a educação como fator central para o desenvolvimento e aponta quatro pilares nesse novo contexto: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.

O primeiro pilar foi o que mais teve aderência mais rápida no mundo escolar, seja porque muitas escolas de vanguarda já vinham trabalhando nesse sentido, seja porque é o que apresenta mais consenso na comunidade educacional.  

A partir de então, o aprendizado mecânico, focado em memorização e conhecimento acrítico de conteúdos, foi sendo substituído por metodologias que estimulam o aprender a pensar criticamente e o aprender a aprender. Daí a necessidade de as escolas inovarem, se reinventarem, sabendo distinguir o que devem manter e o que devem transformar em suas práticas pedagógicas.

Aprender a aprender: do que estamos falando

O relatório citado aponta aprendizados que devem ser estimulados desde a primeira infância:

  • • O aprendizado da atenção, de processos lentos e aprofundados de apreensão, em oposição à velocidade usual de um clique na internet.
  • • A capacidade de memorização associativa, ou seja, de selecionar o que deve ser memorizado a fim de possibilitar a realização de combinações de informações, e não mais a memorização como um automatismo.
  • • A associação de uma cultura geral ampla com conhecimentos específicos aprofundados.
  • • O pensamento indutivo e lógico, assim como o dedutivo e analítico.

Nas escolas, isso foi concretizado em diferentes estratégias de ensino que, respeitando o desenvolvimento de cada idade, mas desde os pequeninos, têm como objetivo promover a autonomia do estudante para aprender por toda a vida.

Novas metodologias, novas habilidades

Por tudo isso, as escolas adotam novas metodologias que exigem protagonismo do aluno e lhe dão a oportunidade de, ao aprender conhecimentos das diversas disciplinas, desenvolver também habilidades específicas.

As habilidades envolvidas no aprender a aprender, ou aprender por toda a vida, são várias – algumas novas, outras nem tanto, mas que passam a ser mais valorizadas:

  • • Desenvolver a curiosidade e o prazer da descoberta.
  • • Identificar necessidades de aprendizagens para resolver problemas, dúvidas, curiosidades.
  • • Localizar informações, sabendo distinguir tipos de fontes adequadas.
  • • Avaliar a qualidade das informações ponderando critérios distintos.
  • • Analisar e aplicar conhecimentos nas mais diversas situações.
  • • Compreender e relacionar os fenômenos estudados a contextos sociais.
  • • Relacionar conhecimentos entre diversos campos de estudo, de forma intedisciplinar.
  • • Criar conhecimento novo.

Como saber se uma pessoa aprendeu a aprender? Quando ela tem autonomia para transformar informações em conhecimento, dando-lhes significado, sentido e utilidade. Em outras palavras, quando é capaz de utilizar de maneira própria todas essas habilidades para satisfazer suas necessidades de aprendizagem – pessoais,exigidas pelo mercado de trabalho ou para sua ação cidadã e transformadora.