Metodologias ativas para a aprendizagem

Uma metodologia ativa coloca o estudante em um papel protagonista em relação à construção da própria aprendizagem.

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Estratégias e didáticas que favorecem que os estudantes sejam protagonistas de sua aprendizagem, visando um melhor aproveitamento escolar e o desenvolvimento de atitudes mais coerentes com as demandas da atualidade.

Quanto mais as famílias compreenderem e apoiarem a escola na implementação de mudanças, maior será a chance de os estudantes se envolverem e assumirem posturas ativas, protagonistas, beneficiando-se ao máximo das novas possibilidades dentro da escola.

A educação pós era industrial

O modelo tradicional de escola, baseado em professores transmissores de informações e em provas, foi desenhado para atender as necessidades da “era industrial”, quando a hierarquia, a padronização e a repetição eram a grande inovação.

Hoje, na era do conhecimento, famílias e empresas tendem ao diálogo e à participação, crianças e jovens têm acesso a informações via internet e televisão, e novas profissões surgem a cada dia. O mercado de trabalho e a vida em geral demandam autonomia e espírito empreendedor, criatividade, capacidade de adaptação, pensamento crítico e inteligência emocional.

Embora escolas alternativas e menos tradicionais venham trabalhando nessa linha há décadas, é nesse contexto que as chamadas metodologias ativas vêm ganhando cada vez mais destaque no Ensino Básico e Superior, no Brasil e no mundo. Em uma busca na internet, você terá acesso a inúmeros artigos e estudos de caso e poderá se familiarizar mais com o tema.

Princípios das metodologias ativas

Chamamos de metodologias ativas um conjunto de metodologias, estratégias e didáticas elaboradas para que os alunos sejam protagonistas de sua aprendizagem, visando um melhor aproveitamento escolar e o desenvolvimento de atitudes mais coerentes com as demandas da atualidade.

Embora haja um conjunto de metodologias específicas descritas como ativas, qualquer atividade focada na aprendizagem que siga alguns princípios e formatos pode ser assim qualificada.

Metodologias ativas exigem dos alunos capacidade de levantar questões sobre temas específicos, buscar, organizar, analisar e validar dados e informações, elaborar e testar hipóteses, solucionar problemas, criar e planejar, aplicar conhecimentos em práticas diversas, trabalhar colaborativamente e desenvolver autoavaliação e avaliação de pares, entre outros.

Uma metodologia ativa elimina a atitude passiva do estudante e o coloca em um papel protagonista em relação à construção da própria aprendizagem. O professor passa a ser um mediador, um provocador, um orientador dos caminhos percorridos pelos alunos.

Aprendizagem baseada em projetos

Esse é um método bastante testado e difundido, e costuma entusiasmar as classes. Trata-se de organizar a aprendizagem a partir da elaboração de um projeto com um objetivo final. Os conteúdos vão sendo pesquisados, elaborados e aplicados pelos estudantes conforme o projeto é executado. Por exemplo, na construção de um avião em madeira, é possível explorar aprendizagens nas áreas de história e geografia, matemática e ciências, artes e línguas.

As aprendizagens podem seguir um currículo mais aberto, que caminha estritamente focado no interesse da classe, ou um currículo mais diretivo, no qual os educadores dirigem certos conteúdos de acordo com os contextos do projeto de maneira a torná-los significativos, vivenciados e aplicados pelos alunos.

As formas de avaliação são várias e podem ocorrer ao longo do projeto, conforme os estudantes vão passando pelas etapas planejadas, ou mesmo com verificações de aprendizagem ao final do trabalho.

Ensino híbrido e aula invertida

Essas são propostas recentes que têm ganhado espaço por apresentarem resultados satisfatórios e muita flexibilidade de uso para diversos tipos de escolas e alunos.

O ensino híbrido mescla recursos presenciais com virtuais de modo a ampliar as possibilidades de fontes de estudo, antes restritas ao espaço da sala de aula ou da escola.

Com recursos digitais é possível trazer para dentro da classe os museus mais importantes do mundo, documentos e monumentos históricos, manifestações de culturas tradicionais ou distantes, além de profissionais dos mais diversos tipos com os quais alunos podem interagir para obter um aprendizado vivo e estimulante.

No caso da aula invertida, os recursos digitais são estudados previamente e os alunos chegam às aulas com perguntas, dúvidas e pontos a debater sobre o tema em estudo, tornando os momentos com a presença de professor mais ricos e proveitosos.

Aprendizagem entre pares

Esse método baseia-se na troca e interação entre estudantes. Em um desenho mais formal, duplas respondem a um mesmo questionário ou roteiro inicial sobre o tema a ser explorado. Em seguida, a classe compara respostas e inicia-se o processo de aprendizagem a partir das dúvidas, problematizações e aspectos mais críticos do tema em estudo.

O método possibilita que o professor tenha um diagnóstico sobre o que os alunos podem ensinar uns aos outros, até que ponto podem caminhar sozinhos e quanto ele deverá interferir.

Há variações dessa estrutura, sem questionários iniciais, mas que também exploram a colaboração entre estudantes e a mediação do docente.

Parceria entre família e escola

Vale lembrar que as metodologias ativas mudam a visão tradicional de educação e podem causar insegurança nas famílias e, em alguns casos, nos alunos. Por isso, é importante que os pais conversem com as coordenações pedagógicas e com os professores para conhecer o que as escolas estão aplicando e compreender como acompanhar e apoiar os filhos nesses novos modelos de estudos. A parceria entre família e escola é mais do que bem-vinda para que essas inovações sejam confortáveis para todos e tenham êxito nos resultados de aprendizagem.

Quanto mais as famílias compreenderem e apoiarem a escola na implementação dessas mudanças, maior será a chance de os estudantes se envolverem e assumirem posturas ativas, protagonistas, beneficiando-se ao máximo das novas possibilidades dentro da escola.

María Cristina Pérez Pietri
Pedagoga/ España
Pedagoga com pós-graduação em Educação Multimídia pela Universidade de Barcelona, Espanha.

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