Por que as refeições intermediárias são tão importantes?

O hábito de fazer lanches saudáveis proporciona o bom funcionamento do organismo da infância à velhice.

Dificilmente conseguimos suprir nossas necessidades nutricionais diárias sem consumir lanches entre as refeições. As refeições intermediárias são fundamentais em qualquer faixa etária, e a ausência delas pode ter implicações futuras para a saúde. 

As refeições intermediárias são fundamentais em qualquer faixa etária, e a ausência delas pode ter implicações futuras para a saúde.

Os profissionais da área da saúde que trabalham com mudança de hábitos alimentares costumam avaliar os alimentos mais comumente consumidos pelos pacientes desde o café da manhã até a hora de dormir. Assim, eles conseguem perceber o que está sendo ingerido em excesso ou em baixas quantidades. Outro aspecto importante para a percepção da qualidade alimentar é o número de refeições realizadas durante o dia.

Com exceção dos finais de semana, dificilmente nossa rotina alimentar muda: quem normalmente toma café da manhã não consegue sair de casa sem essa refeição. Quem não está habituado a consumir o lanche da tarde não faz questão de comer nesse horário em nenhum dia da semana.

Diversos estudos afirmam que dificilmente conseguimos suprir nossas necessidades nutricionais diárias sem consumir lanches entre as refeições. As refeições intermediárias são fundamentais em qualquer faixa etária, e a ausência delas pode ter implicações futuras para a saúde.

Nos primeiros anos de vida, por exemplo, a necessidade do consumo de cálcio é alta e aumenta com o crescimento da criança até atingir a demanda máxima na adolescência, período do pico de desenvolvimento e mineralização óssea. 

Os riscos de saltar o café da manhã

Pesquisa envolvendo cerca de 75.000 adolescentes de diversos estados do Brasil (Projeto Erica – Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes) mostrou que mais de 90% não consomem a quantidade necessária de cálcio para a idade.

A deficiência desse nutriente tão importante para essa faixa etária pode ser explicada: apenas metade dos adolescentes toma o café da manhã, importante refeição para o consumo de leite e derivados. Além disso, as refeições intermediárias não recebem a mesma atenção e nem são valorizadas como o almoço e o jantar.

Geralmente, os lanches são realizados em frente à televisão, ao computador ou na rua, onde o adolescente prefere consumir sucos e refrigerantes. Os estudos têm mostrado que a substituição do leite por outras bebidas tem acontecido cada vez mais cedo – a partir dos 3 anos de idade. 

A qualidade da alimentação na infância influencia a saúde por toda a vida 

A consequência da deficiência de cálcio nas duas primeiras décadas de vida está relacionada com a saúde óssea na idade adulta e principalmente após os 50 anos de idade, fase em que a osteopenia e osteoporose começam a se manifestar. A osteopenia é a fase que antecede a osteoporose, doença esquelética caracterizada pela diminuição de massa óssea e perda de sustentabilidade do próprio corpo.

As refeições intermediárias também são importantes para o consumo de frutas, fontes de vários nutrientes como as vitaminas A e C, além de contribuírem para o aumento da ingestão de fibras que regularizam o trânsito gastrointestinal.

Além disso, fazer pequenos lanches entre as refeições contribui para o controle do apetite ao longo do dia e para a preservação da massa muscular, ambos importantes para a manutenção de peso saudável.

Vários estudos mostram que o organismo funciona melhor com pequenas refeições. Além disso, não conseguimos diminuir o volume das principais refeições se não comermos nada entre elas.

A ciência prova que a sobrecarga de calorias em uma única refeição aumenta muito as taxas de gordura no sangue; se esse padrão for mantido, as taxas de colesterol, triglicérides e açúcar – fatores de risco para as doenças cardiovasculares –podem subir a níveis acima do normal.

A hora do lanche é uma oportunidade para comer alimentos saudáveis 

É importante ressaltar que as refeições intermediárias devem ser encaradas como uma oportunidade de consumir alimentos saudáveis. Não adianta incluir alimentos ricos em açúcar como doces e bolos e não consumir frutas, leite e derivados nesses intervalos.

O consumo de um único alimento não acrescenta múltiplos nutrientes e não promove a saciedade. Dessa forma, comer bolachas e suco entre as refeições não pode ser considerada uma prática saudável como seria combinar as bolachas com fruta e leite.

Como pais e educadores, precisamos dar o exemplo e ensinar nossas crianças a valorizar as refeições intermediárias, combinando alimentos ricos em nutrientes e garantindo um ambiente adequado para a sua realização.

María Celeste Airaldi
Psicóloga/ Paraguay
Psicóloga, professora de graduação e de pós-graduação.

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