Mais que alunos: nós acreditamos na formação de cidadãos!

Mais que alunos: nós acreditamos na formação de cidadãos!

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“O conceito de educação integral com o qual a BNCC está comprometida se refere à construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes e, também, com os desafios da sociedade contemporânea.” 

Não há menção melhor do que à própria Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, para começarmos uma reflexão que tenha como tema central a formação integral dos estudantes. Como o trecho que selecionamos já indica, as instituições de ensino são responsáveis por formar cidadãos, ou seja, todas as ações pedagógicas devem ser pensadas para oferecer muito mais do que o conteúdo programático das disciplinas tradicionais, como matemática e português – do espaço aos materiais, do tempo aos agrupamentos, do planejamento às atividades.

Sem dúvidas, ter uma grade curricular bem estruturada é essencial, mas devemos estar atentos ao desenvolvimento pleno dos nossos estudantes, o que envolve dimensões que estão além da circulação de informação sistematizada ao longo de décadas pela comunidade pedagógica. Afinal, após o término de sua vida escolar, os estudantes estarão expostos às mais diversas situações e deverão estar preparados para lidar com todas as circunstâncias da melhor maneira possível, tendo em vista atitudes que sejam condizentes com cada momento da sociedade em que estão inseridos, no Brasil e no mundo. Para que isso se torne uma realidade, cabe às escolas promoverem habilidades e competências que desenvolvam ao máximo as capacidades técnicas e relacionais de produzir, ser, conviver e protagonizar.

Mas formação integral e ensino em tempo integral são a mesma coisa?

A resposta é: não! A formação integral preza não só pelo aspecto intelectual como pelas dimensões física, emocional, social e cultural dos alunos, independentemente do tempo que as crianças e os adolescentes passam na escola.

O ensino em tempo integral, por sua vez, é a modalidade que estende a permanência dos estudantes na instituição de ensino. O Centro de Referências em Educação Integral indica que são consideradas período integral somente as jornadas escolares de ao menos sete horas diárias, resultando em carga horária anual de 1.400 horas.

Para deixar esse conceito mais claro, o Centro de Referências em Educação Integral (CREI), com apoio do British Council e da Fundação SM, elaborou o material “Caderno 1 – Currículo e Educação Integral na Prática: Uma referência para Estados e Municípios”, que apresenta as cinco principais dimensões que as escolas devem trabalhar, para que a formação integral seja implementada. Confira na íntegra:

• Dimensão física: relaciona-se à compreensão das questões do corpo, do autocuidado e da atenção à saúde, da potência e da prática física e motora.
• Dimensão emocional ou afetiva: refere-se às questões do autoconhecimento, da autoconfiança e capacidade de autorrealização, da capacidade de interação na alteridade, das possibilidades de auto reinvenção e do sentimento de pertencimento.
• Dimensão social: refere-se à compreensão das questões sociais, à participação individual no coletivo, ao exercício da cidadania e vida política, ao reconhecimento e exercício de direitos e deveres e responsabilidade para com o coletivo.
• Dimensão intelectual: refere-se à apropriação das linguagens, códigos e tecnologias, ao exercício da lógica e da análise crítica, à capacidade de acesso e produção de informação, à leitura crítica do mundo.
• Dimensão cultural: diz respeito à apreciação e fruição das diversas culturas, às questões identitárias, à produção cultural em suas diferentes linguagens, ao respeito das diferentes perspectivas, práticas e costumes sociais.

Agora que você já sabe o que deve ser abordado, descubra algumas práticas que podem te ajudar na aplicação da Educação Integral em sua instituição:

Promova atividades em grupo e que permitam discussões. Desta maneira, os alunos aprendem a trabalhar de maneira coletiva, além de desenvolver suas habilidades de diálogo, relacionamento interpessoal e escuta ativa.
Para ampliar a bagagem cultural, considere o uso de música, artes e outras formas de expressão em atividades do cotidiano.
Coloque a mão na massa e implemente a cultura maker! Além de estimular a criatividade, as crianças terão a oportunidade de aprender enquanto realizam tarefas que visam a resolução de problemas.
Faça uso de metodologias ativas, com as rotações, o ensino híbrido e a gamificação, que trazem protagonismo, engajamento e motivação aos alunos.
Use a tecnologia como aliada! Com ela, habilidades como resolução de problemas e pensamento crítico podem ser amplamente estimuladas, quando usadas com intencionalidade pedagógica e a favor do protagonismo do aluno. Há que se ter em mente que preparar os alunos para um mundo cada vez mais digitalizado e interativo é primordial considerando as tendências que apontam para o futuro de nossa sociedade.
Utilize jogos coletivos ou de tabuleiro para desenvolver habilidades como autocontrole, coletividade, ética e cidadania.
Para questões ligadas à saúde, por exemplo, promova palestras sobre a importância de cuidar do corpo e de se alimentar bem. Que tal levar um dentista para ensinar os pequenos a escovar os dentes, por exemplo?
As aulas de Educação Física são uma ótima oportunidade para abordar a importância de colocarmos o corpo em movimento. Para que os alunos se engajem, proporcione campeonatos de esportes, por exemplo, ou gincanas que impulsionam a colaboração entre os diferentes grupos. Além de abordar a temática, trabalhará a coletividade e a competitividade saudável.
Feiras de ciências são sempre bem-vindas e extremamente relevantes para desenvolver inúmeras competências, como a pesquisa e técnicas ligadas à metodologia científica. Apresentações, pesquisas, trabalhos manuais e trabalhos em grupo favorecem para que as habilidades de comunicação, participação e criatividade sejam trabalhadas.

Essas são algumas das possibilidades de criarmos uma agenda que favoreça o desenvolvimento de cidadãos preparados para lidar com os mais diversos desafios contemporâneos.

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Quais as principais tendências educacionais?

Quais as principais tendências educacionais?

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O início do novo ano letivo é uma realidade e estamos desejando boas-vindas para novas estratégias na Educação. Apesar de os últimos tempos já terem sido embalados por novidades, como a ampla utilização do ensino híbrido e o uso mais intenso de tecnologias em sala de aula, é inevitável que a gente se depare com mais avanços. Afinal, vivemos em um mundo que está em constante transformação e as escolas devem, sem dúvidas, acompanhar e protagonizar revoluções com o objetivo de tornar a aprendizagem um processo mais interativo, adaptável e assertivo.
Pensando nisso, listamos algumas das principais tendências educacionais para a sua organização iniciar 2023 saindo na frente:

GAMIFICAÇÃO

Com o objetivo de engajar, integrar, inovar e, claro, potencializar a aprendizagem, o uso de jogos como metodologia de ensino será tendência em 2023. Conhecido como gamificação, o ensino com base na utilização de games é cada vez mais frequente e abre espaço para que crianças e adolescentes compreendam a matéria de maneira lúdica e divertida.
Mas como os jogos podem fazer parte do material de aula? Ótima pergunta!
Quando falamos de gamificação, não estamos considerando exclusivamente games eletrônicos. Os jogos tradicionais também fazem parte dessa estratégia. Já pensou em utilizar o xadrez para trabalhar raciocínio lógico, por exemplo? Que tal jogar STOP, em inglês, com a turma para ampliação do vocabulário? No entanto, para além do uso específico de jogos, a gamificação propõe o uso de dinâmica e metodologias presentes neles (pontuação, fases, conquistas, recompensas), como recursos de aprendizagem.
Claro, a tecnologia não fica de fora e podemos fazer bom uso dela utilizando plataformas e sites. Um bom exemplo seria utilizar o digital para averiguar o conhecimento dos estudantes realizando um quiz online com perguntas sobre o conteúdo estudado. Além de promover uma atividade tradicional de forma diferenciada, o professor já terá na palma da sua mão o número de acertos e erros, podendo analisar qual conteúdo deve ser retomado. Há inúmeros sites e aplicativos que oferecem jogos educativos, como:

• Letrinhas: o jogo oferecido pelo site Escola Games brinca com as letras do alfabeto e deve ser utilizado com as crianças que estão sendo alfabetizadas. Seu principal objetivo é fazer com que os alunos aprendam a montar sílabas, consigam diferenciar consoantes e vogais, compreendam o processo de estruturação das palavras e muito mais. Clique aqui e saiba mais!
• Maior e menor da selva: no mesmo site, o jogo “Maior e menor da selva” auxilia os professores de matemática no processo de identificar as grandezas “maior” e “menor”. Gostou?

DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIONAL

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos de depressão em crianças entre 6 e 12 anos aumentou de 4,5 para 8% nos últimos 10 anos. Os números são alarmantes e, segundo uma nova pesquisa publicada no periódico JAMA Pediatrics, pesquisadores da Universidade de Calgary, no Canadá, constataram que a pandemia do novo coronavírus causou danos à saúde mental de crianças e de adolescentes.
Sabemos que as doenças mentais não é novidade na agenda escolar, mas merecem maior atenção após esse episódio traumático. Desta forma, trabalhar as competências socioemocionais dos estudantes é primordial para o desenvolvimento da inteligência emocional e estimular suas habilidades emocionais e sociais.
“Compreender o conceito de competências socioemocionais envolve o estudo das emoções. Ao longo da história, as emoções foram abordadas de diferentes perspectivas: da neuropsicologia, da biologia, dos padrões das espécies, da psicopedagogia, da cultura etc. Dentre todas essas abordagens, aquelas voltadas para as competências socioemocionais no contexto escolar são as de interesse nesse texto por abordarem diretamente as novas diretrizes propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a proposta de Educação para o século 21 (proposta pela UNESCO) e o ensino integral.
Na BNCC, as competências socioemocionais estão presentes em todas as 10 competências gerais. Portanto, no Brasil, até 2020, todas as escolas deverão contemplar as competências socioemocionais em seus currículos. Diante dessa demanda, precisamos conhecer mais sobre a educação socioemocional.” – Base Nacional Comum Curricular, BNCC.

EDUCAÇÃO IMERSIVA

A Realidade Aumentada (RA) e a Realidade Virtual (RV) serão tendências em 2023 e proporcionarão aos estudantes experiências cada vez mais tecnológicas.
Com elas, será possível simular ações e cenários, por exemplo: durante as aulas de História sobre a Roma Antiga, que tal viajar para o passado sem sair da sala de aula e apresentar aos estudantes a arquitetura da época com todos os detalhes?
Visitar um museu em outro país e conhecer uma nova cultura já são uma realidade com a RA e a RV!

APRIMORAMENTO DA GESTÃO ESCOLAR

Não é só o ensino que está de olho no avanço, a gestão escolar também merece atenção e não só pode, como deve ser atualizada. Utilizando softwares e recursos digitais, a escola pode otimizar atividades administrativas e financeiras. Além de poder analisar o desempenho, controlar melhor as notas e a frequência dos alunos.

ENSINO HÍBRIDO

Como falamos anteriormente, o ensino híbrido já faz parte da nossa realidade, mas ainda não é totalmente estabelecido. Sendo assim, permanece sendo uma tendência para o próximo ano e continuará tendo como objetivo principal o protagonismo do aluno e a criação de um espaço no qual o estudante realiza sua própria gestão.

Preparado para 2023? Desejamos um ótimo ano letivo a todos!

Fernanda Furia
Psicóloga/ Brasil
Mestre em Psicologia de Crianças e Adolescentes.

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