Como escolher as atividades extraescolares dos filhos

Os benefícios podem desaparecer se a agenda ficar sobrecarregada

As atividades extraescolares permitem desenvolver habilidades essenciais e complementares àquelas trabalhadas em sala de aula. 

 

Atividades extraescolares são ótimas oportunidades para desenvolver competências e destrezas diferentes das que se adquire em sala de aula

 

É importante ouvir os interesses da criança

As atividades extraescolares oferecem muitos benefícios para o desenvolvimento da criança. Elas proporcionam um novo âmbito para as relações sociais e as ajudam a ser mais independentes, ao mesmo tempo que elevam a autoestima pelas conquistas obtidas.

No entanto, escolher a atividade correta não é tarefa fácil, pois muitas vezes os pais não sabem em que se basear e frequentemente têm dúvidas. Como escolher as atividades extraescolares: em função das preferências da criança, das pretensões dos pais ou da logística familiar? Para ajudá-los nesse processo, apresentamos algumas informações essenciais:

1. Motivação

A criança deve estar motivada para realizar a atividade extraescolar, que não deve ser uma imposição dos pais por gosto ou interesse próprio, ou por um desejo ou frustração de infância.

2. Interesses

Deve-se ouvir as preferências da criança ao planejar suas atividades extraescolares, mesmo que nem sempre se possa atender exatamente o que ela deseja. O ideal é que pais e filhos cheguem a um acordo.

3. Frequência

É importante não saturar a agenda da criança com cursos e aulas extraescolares (três dias por semana no máximo). A criança precisa de tempo para descansar, brincar, estar em família e fazer suas tarefas de casa, todos os dias. Por outro lado, é importante que exista um compromisso por parte dela em relação a um tempo mínimo para realizar a atividade extra.

4. Aconselhamento

Os professores, que passam grande parte do dia com seu filho e sabem como ele se desenvolve e aprende em sala de aula, podem recomendar as atividades mais adequadas, aquelas que mais poderão auxiliar em seu desenvolvimento.

5. Conceito

As atividades extraescolares contribuem para o desenvolvimento integral da criança, por isso não é recomendável usá-las como moeda de troca para possíveis prêmios ou castigos. Elas devem ter importância em si mesmas, e a criança deve entender isso. Não se aconselha suspender as atividades em caso de mau comportamento, nem obrigá-la a realizar alguma atividade como castigo.

Principais atividades extraescolares:

1) Atividades esportivas

São uma excelente maneira de combater o sedentarismo e a obesidade infantil. Entre as mais adequados para crianças estão:

  • Esportes em equipe: futebol, basquete, vôlei etc. No plano físico, desenvolvem a velocidade, os reflexos, a força e a agilidade No plano de valores, fomentam o companheirismo, a tolerância e o respeito a regras. São ótimos para crianças introvertidas.
  • Artes marciais: judô, caratê etc. Melhoram a coordenação, a força, a agilidade e a flexibilidade. Perfeitas para crianças inquietas ou agressivas, pois ajudam a dominar os impulsos. Também são muito recomendáveis para as tímidas, uma vez que aumentam a autoestima.
  • Individuais: tênis, ginástica rítmica, patinação etc. Melhoram a coordenação, o movimento e os reflexos. O tênis ajuda a descarregar a agressividade. São esportes que fomentam a superação e a capacidade de superação.

2) Idiomas

Na atualidade, é essencial falar idiomas, e quanto antes uma criança começar a aprender uma segunda língua, melhor. Está comprovado que até os 7 anos o cérebro tem uma maior plasticidade e capacidade para aprender vários idiomas ao mesmo tempo. Além disso, aprender cedo um segundo idioma favorece o aprendizado posterior de um terceiro, um quarto etc.

Ser bilíngue ou poliglota não apenas é benéfico para o futuro profissional da criança; também contribui para seu desenvolvimento intelectual e favorece as relações pessoais. Portanto, também é indicado para crianças tímidas.

3) Atividades artísticas

Favorecem a imaginação e a capacidade de superação. São indicadas para crianças criativas.

  • Danças: fomentam a agilidade, a flexibilidade e o conhecimento do corpo, além de favorecer a sociabilidade, a disciplina e a memória.
  • Teatro, escrita: desenvolvem a capacidade criativa, a comunicação e as relações sociais. O teatro é perfeito para crianças introvertidas, embora elas possam ter dificuldade a princípio.
  • Artes plásticas (pintura, escultura, fotografia): fomentam a criatividade, a imaginação, a motricidade fina e a expressão plástica. Ótimas atividades para crianças introvertidas e extrovertidas.
  • Música: desenvolve a memória, a percepção auditiva, a capacidade de atenção, a superação e a disciplina. A música é muito adequada para jovens organizados, maduros, meticulosos e exigentes consigo mesmos.

Transtornos de aprendizagem

Cada vez mais, crianças e adolescentes são diagnosticadas com algum transtorno de aprendizagem. Mas, o problema está na criança ou os ambientes ao redor não utilizam metodologias apropriadas para desenvolver o potencial dela? 

Quando pensamos em educação, um dos grandes objetivos da família e da escola é desenvolver o potencial da aprendizagem da criança de forma plena e tranquila. Porém, muitas vezes, com o ingresso na escola surgem dificuldades que começam a ser observadas pelos pais ou são apontadas pelos professores e nos fazem questionar as condições que envolvem a aprendizagem.

Afinal, o problema está na criança ou a escola não consegue utilizar metodologias apropriadas para desenvolver seu potencial? Essa não é uma pergunta fácil de ser respondida, e é essencial conhecer e observar a criança em diversos ambientes e situações para chegar a uma conclusão que permita à escola, aos pais e a possíveis profissionais envolvidos em seu atendimento desenvolver o potencial necessário para que a aprendizagem possa se regularizar.

O diagnóstico envolvendo a aprendizagem, ao contrário de outros na área de saúde, sofre interferência constante do ambiente. Isso pode provocar a sobreposição de sintomas e dificultar a implementação de processos de intervenção efetivos. Não basta ter uma queixa de dificuldade de aprendizagem para saber qual é o problema. É preciso investigar a sua estrutura pedagógica da escola e a participação do aluno no contexto escolar; a estrutura familiar e se ela permite à criança cumprir o processo de ensino-aprendizagem, incluindo em sua rotina momentos propícios ao estudo e à reflexão escolar; e, é claro, do potencial cognitivo e emocional dela.

Quando consideramos a interface ambiente-cérebro (nos aspectos cognitivos e emocionais) resultando na aprendizagem, encontramos diversos estudos que confirmam essas inter-relações. A leitura, a escrita e a aprendizagem do cálculo matemático não dependem somente de aspectos desenvolvimentais. São invenções sociais e culturais que dependem do cérebro, porém, é fundamental que existam condições ambientais e emocionais para que ocorra uma aprendizagem efetiva e coerente. É necessário que a escola propicie, por exemplo, condições para a aquisição das habilidades necessárias para a aprendizagem de forma sequencial e coerente. Assim, para a aprendizagem da leitura e da escrita é necessário o reconhecimento das letras e a conversão grafo-fonêmica; no caso das habilidades matemáticas, é importante que a criança encontre com ambientes que propiciem a organização do raciocínio matemático e das noções de quantidade para que as quatro operações básicas se estabeleçam.

Os pais também devem providenciar um suporte de situações estratégicas e de vida real que permitam a criança vivenciar a utilização desses conceitos. A necessidade dessas aquisições deve ser enfatizada por meio da leitura de livros, da construção de imagens mentais, de brincadeiras envolvendo conceitos (rimas, aliteração, cálculos) e do fortalecimento social e emocional que as pessoas adquirem quando têm essas informações.

Autores como Ciasca, Zorzi e Capellini, e Pantano e Zorzi, que estudam e atuam na área de educação, consideram as alterações do processo de ensino-aprendizagem por meio dos seguintes critérios diagnósticos:

– Dificuldades ou problemas de aprendizagem: falhas decorrentes de condições ambientais inadequadas ou falhas pedagógicas; alterações entre as modalidades de ensino e de aprendizagem.

– Distúrbio de aprendizagem ou transtorno de aprendizagem: alterações resultantes de processos cognitivos intrínsecos ao sujeito da aprendizagem.

O transtorno de aprendizagem é considerado específico e recebe classificações (dislexia, disgrafia e discalculia) quando não pode ser atribuível a fatores externos como questões econômicas, sociais ou educacionais, desenvolvimento intelectual, problemas motores ou de linguagem ou deficiências sensoriais. Esse diagnóstico só pode ser realizado a partir da entrada da criança na educação formal por uma equipe multidisciplinar.

O maior objetivo na intervenção dos transtornos de aprendizagem é ajudar a criança a adquirir o conhecimento e as habilidades necessárias para compreender e participar ativamente da situação escolar por meio de suas habilidades. Se um aluno não possui uma linguagem oral competente, ele apresenta risco para dificuldades acadêmicas, comportamentais, sociais e emocionais. Normalmente, observa-se em crianças com transtornos de aprendizagem prejuízos no processamento da linguagem, no processamento fonológico, no processamento visoespacial, na velocidade de processamento, na memória e atenção e na função executiva.

Uma boa avaliação e um planejamento adequado para tratar transtornos de aprendizagem devem envolver os pontos fortes e fracos da criança e/ou adolescente e objetivos semanais, mensais e anuais. Deve-se, também, estabelecer quais estratégias, canais sensoriais e recursos cognitivos serão utilizados de forma prioritária para garantir a compreensão das atividades e as explicações. 

1. Berninger V. W., May M. O. M. “Evidence-based diagnosis and treatment for specific learning disabilities involving impairments in written and/or oral language”. J. Learn. Disabil. 2011;44(2):167-83.

2. Ciasca, S. M. Distúrbios de aprendizagem – Proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003.

3. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Sistema Nacional de Educação Básica – Saeb, 2005. [acesso em 20 de abril de 2012]. Disponível em http://www.inep.gov.br/.

4. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Prova Brasil, 2007. [acesso em 20 de abril de 2012]. Disponível em: http://www.inep.gov.br/.

5. OECD, C.f.E.R.a.I. “Preliminary Synthesis of the Second High Level Forum and Learning Sciences and Brain Research: Potential Implications for Education Policies and Practices. Brain Mechanisms and Youth Learning”. OECD Report, Granada, Espanha. 2001c.

6. Pantano, T., Zorzi, J. Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos: Pulso Editorial; 2009.

7. Snowling, M.; Hulme, C. The science of reading: A handbook. Oxford, Reino Unido: Blackwell. 2005.

8. Zorzi, J., Capellini, S. Dislexia e outros problemas de aprendizagem. São José dos Campos: Pulso Editorial; 2008.

A importância da leitura em voz alta nos primeiros anos

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A neurociência tem explorado uma linha de pesquisa que envolve aspectos importantes como as entonações e as melodias presentes na leitura em voz alta e que estão associadas à emoção.

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Você sabia que a leitura silenciosa tem origem nas leituras em voz alta eficientes e significativas? A importância da leitura em voz alta é o tema deste vídeo com Telma Pantano, mestre e doutora em Ciências e pós-doutora em Psiquiatria pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Confira as interessantes explicações da consultora e peça para seu filho ler uma história para você hoje à noite antes de dormir!

Efeito das novas tecnologias no cérebro de 0 a 3 anos

Conheça os benefícios e os riscos de deixar crianças pequenas imersas nas telas digitais

 

Entenda por que os recursos tecnológicos atraem tanto as crianças e os problemas que eles podem trazer para o desenvolvimento do processamento cerebral.

Que criança queremos formar para o futuro? Essa é a pergunta que deve guiar nossas escolhas na hora de deixar as crianças interagirem com tecnologia. 

Telma Pantano, mestre e doutora em Ciências e pós-doutora em Psiquiatria pela FMUSP, revela por que os recursos tecnológicos atraem tanto as crianças e os problemas que eles podem trazer para o desenvolvimento do processamento cerebral.

Técnicas e hábitos para estimular a memória

É importante treinar também nos momentos de lazer

É importante treinar também nos momentos de lazer

A memória é a capacidade de reter e organizar informação para usá-la quando precisamos. É uma qualidade necessária para nossa vida diária e está estreitamente relacionada com a aprendizagem.

A memória pode ser definida como a capacidade de reter e ordenar informação para usar no momento necessário. É uma qualidade imprescindível para a vida diária e está estreitamente relacionada à aprendizagem.

É importante estimular a memória desde muito cedo na vida.

Estímulo precoce e constante

Estimular a memória é de grande importância desde muito cedo na vida. Pode-se trabalhar essa qualidade mental tão importante de acordo com as capacidades e o ritmo de aprendizagem da criança.

Durante a adolescência, grande parte dos recursos cognitivos e de memória são dedicados ao aprendizado das matérias escolares. Trata-se da memória semântica, fundamental nessa etapa da vida, quando os conhecimentos estão se assentando, e outros, novos, se formam todos os dias.

A importância de hábitos de vida saudáveis

A qualidade de vida tem impacto direto na memória. Diversos estudos científicos demonstram que manter hábitos de vida saudáveis durante a adolescência tem efeitos sobre a capacidade de memorização e de aprendizado de modo geral. A seguir, alguns dos fatores aos quais de deve ter atenção:

  • Sono. Enquanto dormimos, especialmente durante a fase de sono REM, consolidamos os aprendizados realizados durante o dia. Isso faz com que a quantidade e a qualidade de sono sejam fatores relevantes para a fixação das informações. Além disso, está demonstrado que a falta de sono afeta diretamente a capacidade de atenção e a concentração, processos imprescindíveis para a memorização.
  • Alimentação. Uma dieta saudável, variada, baixa em gorduras e rica em ômega 3 e antioxidantes, fornece os nutrientes de que o cérebro precisa para funcionar adequadamente.
  • Exercício físico. A atividade física aumenta o rendimento cognitivo, uma vez que melhora o fluxo de oxigênio no organismo e as funções do cérebro.
  • Estresse. O cansaço mental, a tensão ou a ansiedade são bloqueios para a capacidade de memorização, a concentração e o processamento adequado da informação.

Como potencializar a capacidade de memorização

O processo de memorização se estrutura em três fases:

  1. Codificação: recebimento e processamento da informação.
  2. Armazenamento: criação de um registro mental da informação codificada.
  3. Recuperação: acesso à informação armazenada.

É possível estabelecer diferentes estratégias para favorecer a memória e a aprendizagem, resultando na decodificação da informação e em hábitos que facilitam seu armazenamento.

  • Organizar as tarefas. Dividir e planejar as tarefas em várias etapas permite dividir a carga e não saturar a mente. A informação chega melhor se entregue aos poucos. Para isso, sugira que seu filho use a agenda e o calendários para organizar as tarefas.
  • Evite a simples “decoreba”. Se a fase da codificação se basear na repetição e no aprendizado memorizado, o resultado será, provavelmente, uma memorização de curto prazo.
  • Resumir e esquematizar a informação. Para obter um armazenamento da informação a longo prazo, recomende que seu filho extraia as ideias principais de um conteúdo, para, com isso, formar uma base sobre a qual ampliar.
  • Adotar estratégias de visualização e verbalização. Geralmente codificamos melhor a informação de modo visual e verbal. Você pode sugerir a seu filho que faça fichas, use cores diferentes para estruturar a informação, crie esboços etc.; que estude em voz alta; que explique o conteúdo a alguém; ou que grave a própria exposição para se ouvir depois.
  • Colocar em prática estratégias de relaxamento com regularidade. Saber relaxar o corpo e a mente é tão importante para o aprendizado quanto a memorização em si. Ensine a seu filho técnicas de respiração ou de relaxamento muscular para evitar o estresse.
  • Estimular a memória nos momentos de lazer. Jogos de mesa, de palavras, de recordar objetos ou de cálculo mental são muito úteis. Ensine seu filho a aprender maneiras eficazes de memorizar informação em um contexto de diversão.
  • Ordenar acontecimentos. Pergunte a seu filho sobre as histórias que tenha lido ou filmes que tenha visto. Isso o ajudará a ordenar fatos e estabelecer relações de causa e consequência. Como resultado, treinará a decodificação, a armazenagem e a recuperação de informação.