Ajudar as crianças a enfrentar e tolerar as frustrações

As crianças devem aprender que nem sempre conseguem o que desejam

Uma das habilidades mais importantes que se deve desenvolver logo na infância é a tolerância à frustração, de forma que a criança possa enfrentar os altos e baixos da vida de maneira saudável.

Os pais devem ser um modelo de conduta para os filhos, destacando o papel dos pensamentos e dos estilos de criação no desenvolvimento de uma alta tolerância à frustração.

As frustrações podem ser definidas como a “resposta natural, primária e afetiva diante da percepção de uma barreira”. Podemos dizer que nos frustramos quando consideramos que nossos objetivos ou metas não foram alcançados ou quando percebemos diferenças entre nossas expectativas e a realidade.

Isto é especialmente comum nas crianças, porque elas ainda não desenvolveram as capacidades neurológicas que permitem o controle dos impulsos e as aptidões cognitivas que favorecem o pensamento racional. Por isso querem “tudo agora”, e, quando não o conseguem, se frustram e se irritam.

As crianças esperam que tudo ocorra de maneira simples e como foi planejado. Assim, quando enfrentam frustrações, reagem de modo exacerbado, sem mecanismos eficazes para lidar com os problemas, por mais simples que sejam.

Na vida cotidiana, é comum enfrentarmos frustrações, e as pessoas com alta tolerância à frustração são capazes de manter a funcionalidade nas diferentes atividades que realizam, sem que esses fracassos as paralisem ou prejudiquem a longo prazo. Entretanto, quando temos pouca ou nenhuma tolerância à frustração é comum que se evidenciem reações somáticas e cognitivas negativas, que interferem na capacidade de resolver problemas e de se relacionar com os outros.

Agressividade, perfeccionismo, adiamento da tomada de decisão, ansiedade, problemas de conduta e controle de impulsos são alguns sintomas comuns da baixa tolerância à frustração. Daí a importância de desenvolver uma alta tolerância à frustração desde cedo, pois isso pode prevenir transtornos psicológicos e de conduta no futuro.

Como a tolerância à frustração é um fenômeno complexo, são muitos os fatores que intervêm em seu desenvolvimento. Entre eles:

  • • Temperamento. Predisposição para enfrentar e lidar melhor ou pior com as adversidades. Algumas pessoas são biologicamente mais vulneráveis à irritabilidade e à ansiedade, o que pode interferir na forma como enfrentam e lidam com adversidades.
  • • Condicionamento social. A tendência da sociedade atual é medir o valor das pessoas pelo desempenho e pela obtenção de conquistas, em vez de apreciar o esforço e a dignidade humana. Consequentemente, toda pequena frustração é vista como um “fracasso total” e, assim, “algo mau” e “grave” que deve ser evitado.
  • • Habilidades linguísticas para expressão emocional. A pobreza de vocabulário pode limitar a capacidade de expressar de maneira assertiva as emoções, desejos e descontentamentos, aumentando as dificuldades nas relações interpessoais e a capacidade para resolver problemas. Isto é especialmente relevante em certos ambientes socioculturais que restringem a expressão de emoções, por ser considerado algo impróprio ou sinal de fraqueza.
  • • Imitação de modelos de referência. Os estilos de criação em que os pais têm baixa tolerância à frustração favorece o aprendizado de condutas de enfrentamento pouco eficazes, por meio da imitação.

Alguns dos sinais que podem indicar que as crianças enfrentam mal a frustração são: evitar ou adiar tarefas complexas, fugir de responsabilidades, fazer birra ou ter ataques de raiva, justificar-se pelos erros cometidos, timidez, retraimento e fuga de situações de exposição social, impaciência e até agressão física, especialmente quando algo é percebido como “injusto”.

Entretanto, é alentador saber que a tolerância à frustração pode ser aprendida e treinada a partir do momento que a criança adquire vocabulário e é capaz de seguir ordens e instruções (por volta dos 3 anos é o momento ideal para iniciar o desenvolvimento da tolerância à frustração). Esse treino permitirá que, diante de situações adversas, ela conte com melhores estratégias de enfrentamento.

Um dos melhores treinos é a imitação, ou seja, os pais devem ser “um modelo de conduta” para os filhos, destacando o papel dos pensamentos e dos estilos de criação no desenvolvimento de uma alta tolerância à frustração.

Mudar a linguagem negativa e derrotista, e promover a superação. É comum que as pessoas com baixa tolerância à frustração tenham pensamentos do tipo: “não aguento que…, “é insuportável…”, “não vou conseguir” ou “é muito difícil… prefiro desistir” – mensagens que costumam fomentar condutas derrotistas e de negação.

Recomenda-se falar ou pensar de maneira mais positiva, com declarações como “posso aguentar ou suportar que… embora seja difícil e me incomode”. Pesquisas demonstram que as crianças mais propensas à frustração costumam vir de famílias que usam o mesmo esquema de pensamento. É importante modificar os próprios pensamentos em prol da saúde mental de pais e filhos porque, observando os pais, a criança aprende como lidar com as próprias frustrações e conflitos futuros.

Favorecer e elogiar as condutas de enfrentamento quando a criança tiver tentado, mesmo que não obtenha o sucesso pretendido na tarefa.

Evitar ser o “pai permissivo”. Os pais permissivos pensam que é melhor “ceder do que brigar” e que “todo tipo de castigo é ruim”. Como consequência, costumam ter problemas para estabelecer limites quando a situação requer firmeza e decisão. Esses pais têm um estilo de liderança pouco eficaz, com ausência de regras claras e consequências pouco eficazes diante de mau comportamento, deixando que as crianças decidam o que fazer. Podem ser não confrontadores por temerem perder o carinho dos filhos.

Pesquisas demonstram que as crianças que crescem em lares permissivos costumam ter problemas de comportamento no futuro, mais imaturidade, baixa responsabilidade sobre os seus atos e tendência ao descontrole emocional. De fato, para alcançar o bem-estar integral, as crianças requerem uma estrutura de limites e consequências bem estabelecida em caso de mau comportamento.

Evitar ser o “pai salvador”. Muitos pais superprotetores consideram que devem evitar todo tipo de desconfortos a seus filhos. Alguns exemplos: pais são que deixam que os filhos faltem à escola em dia de prova porque não estudaram o suficiente, ou até que mudem de colégio quando dizem que a professora “foi má” ou “tem implicância” com eles. Esses pais farão o que puderem para que seus filhos sejam bem-sucedidos, sem perceber que aprender autonomia e responsabilidade pelas próprias ações é um dos segredos do sucesso. Para o próprio bem-estar futuro da criança, é importante que, quando for apropriado e benéfico, se adie a gratificação e se promova pequenas frustrações. Além disso, convém evitar os sentimentos de culpa ou vergonha por não ser “o pai perfeito que resolve todos os problemas”. O importante é saber que não existem pais perfeitos, nem filhos perfeitos, e que a melhor forma de facilitar um bom desenvolvimento integral é aprender a controlar os próprios pensamentos e emoções, para ajudar a criança fazer o mesmo.

Ser um pai “amável, mas firme”. O estilo ideal de criação é aquele em que os educadores podem ser amáveis e carinhosos, sem perder firmeza. Isso requer saber dizer “não”, para que a criança aprenda que nem sempre terá tudo o que deseja de imediato, nem simplesmente porque o exija, feito que será de vital importância em sua vida adulta. Por exemplo, quando um pai “amável, mas firme” considera que o seu filho comeu chocolate suficiente, diz com voz firme e tranquila: “Você não vai mais comer chocolate. Pode te fazer mal e já comeu bastante.” Se o filho reagir com irritação ou mal-estar, continua: “Entendo que você tenha ficado chateado e se irrite” (validando a emoção negativa). Quando finalmente a criança se acalmar, a felicita por isso, mas sem abordá-la quando estiver e meio de sua birra. Deve-se explicar aos filhos que é obrigação dos pais cuidar deles e que isso, muitas vezes, requer dizer “não”, mesmo quando se irritam e não entendam o benefício da frustração.

Em síntese, algumas das estratégias para fomentar nas crianças o desenvolvimento de alta tolerância à frustração são:

  • Demonstrações de afeto, amabilidade e respeito.
  • Elogios pela boa conduta, especialmente quando implique enfrentamento de situações difíceis.
  • Estrutura de limites e regras claras em relação a bons e maus comportamentos.
  • Consequências bem estabelecidas (e cumpridas de forma consistente) quando as regras de bom comportamento não são respeitadas.
  • Ajuda na resolução de problemas, sem eliminar a responsabilidade e a autonomia da criança diante do desafio em questão.
  • Validação de suas emoções, mesmo quando forem negativas, indicando que é “normal” sentir um mal-estar quando as coisas não saem como foram planejadas.
  • Identificação dos pensamentos derrotistas, para trocá-los por outros de enfrentamento e tolerância à frustração (tanto nos pais como nos filhos).
  • Imitação de bons exemplos na família quanto à administração das frustrações.
  • Aceitação incondicional, apesar dos fracassos, para favorecer a autoconfiança e a responsabilidade diante dos erros e do mau comportamento. 

Clark, L.. SOS Ayuda para Padres. Bowling Green: SOS Programs and Parents Press (2003).

Knaus, W. J.. Frustration Tolerance Training for Children. In: Ellis, A., & Bernard, M.E. (editores): Rational Emotive Behavioral Approaches to Childhood Disorders. Theory, Practice and Research. New York: Springer (2006).

Vernon, A.. What Works When with Children and AdolescentsChampaign: Research Press (2002). 

Educação Financeira e Emocional: um encontro necessário

É essencial ensinar uma criança a planejar seus gastos, a ter metas financeiras, a economizar e a ficar longe de dívidas.

Associar o mundo emocional às atitudes práticas ao lidar com dinheiro previne inúmeros problemas financeiros no decorrer da vida.

Sentimentos como empolgação excessiva, ansiedade, preocupação e culpa acompanham e influenciam de maneira direta cada decisão ligada ao dinheiro.

Muitas escolas brasileiras já incluem a educação financeira em sua grade curricular e, felizmente, bons programas foram desenvolvidos para garantir que esse tema seja implementado de forma transversal e integrada às disciplinas tradicionais.

No entanto, é muito difícil encontrar uma visão sobre educação financeira que englobe os fatores psicológicos pessoais e familiares relacionados ao uso do dinheiro. Algumas iniciativas até unem o aprendizado das finanças a aspectos ligados a comportamento, impacto social e valores humanos – isso é fundamental, mas ainda é limitada a consciência de que sentimentos como empolgação excessiva, ansiedade, preocupação e culpa acompanham e influenciam cada decisão ligada ao dinheiro.

Mais restrita ainda é a noção de que padrões familiares financeiros são transmitidos de geração em geração e, muitas vezes, impedem as pessoas de ter uma vida financeira saudável, independentemente do quanto aprendam sobre juros, aplicações, descontos e orçamentos.

Em geral, a visão sobre o dinheiro é muito racional, e o impacto das emoções e dos fatores psicológicos na gestão financeira pessoal sempre foi negligenciado.

Uma educação financeira desconectada da compreensão emocional é, na maioria das vezes, pouco eficaz a longo prazo. Quantos adultos preparados tecnicamente para lidar com suas finanças se atrapalham e acabam gastando demais por excesso de empolgação? Ou ficam tão ansiosos com sua vida financeira que preferem nem pensar sobre o assunto e acabam se endividando? Ou, ainda, economizam em excesso por medo ou culpa e deixam de aproveitar a vida? Isso acontece porque as pessoas não entendem as emoções que emergem ao lidar com o próprio dinheiro. Como consequência, tomam decisões equivocadas baseadas em fatores psicológicos que desconhecem.

Ensinar uma criança a planejar seus gastos, a ter metas financeiras, a economizar e a ficar longe de dívidas é essencial. Também é importante conscientizá-la sobre o impacto de seu comportamento financeiro na sociedade e sobre a importância de assuntos como economia circular, consumo consciente e ética nas finanças. Entretanto, uma vida financeira saudável na fase adulta é, em grande parte, resultado de muitas experiências vividas na infância. Você sabe como isso se dá? Por meio da cultura familiar em relação ao dinheiro e, sobretudo, dos padrões de comportamentos da família. Perguntas do tipo “Como seus pais lidam com dinheiro?”, “Qual o significado do dinheiro em sua família?” e “Como foi a história financeira das gerações passadas?” também devem acompanhar os conteúdos técnicos de educação financeira.

O comportamento dos pais é aprendido pela criança sem que ela perceba. Pais que gastam demais, que controlam demais o dinheiro, que ficam deprimidos quando gastam ou que não se preocupam com dívidas passam para a criança mensagens éticas e psicológicas silenciosas que afetam seu desenvolvimento.

O encontro da educação financeira com a emocional permite desenvolver a capacidade de tomar decisões baseadas no autoconhecimento e na história de vida familiar de cada um. Isso facilitará a construção de uma estratégia financeira de longo prazo que inclua momentos vulneráveis, como envelhecimento e adoecimento dos pais, perda de emprego, morte de um provedor e aposentadoria.

Associar o mundo emocional às atitudes práticas ao lidar com dinheiro previne inúmeros problemas financeiros no decorrer da vida. Além disso, reconhecer os padrões de comportamento da família em relação ao assunto protege o indivíduo contra uma série de comportamentos de risco.

Os programas de educação financeira devem incluir reflexões, pesquisas pessoais e ações práticas que ajudem professores, alunos e pais a entender a importância dos aspectos emocionais na construção de uma vida financeira consistentemente saudável. Educação financeira e educação emocional devem andar de mãos dadas desde a infância. Aliar o ensino da gestão do dinheiro ao conhecimento e à gestão das emoções é urgente para desenvolver cidadãos mais generosos, com menos necessidade de ostentar e mais capazes de tomar decisões adequadas, sustentáveis e com impacto positivo para a sociedade.

Socorro! Meu filho sofre de adolescência

É importante saber como administrar a adolescência para evitar disputas constantes

É importante entender essa fase da vida para administrar as novas emoções dos jovens e evitar disputas constantes.

Chegada a adolescência, as crianças enfrentam mudanças físicas, emocionais e sociais desconhecidas e inesperadas para elas.

Se de um mês para outro um adulto percebesse o corpo mudar, a voz se transformar e o ânimo passar de feliz a absolutamente irritado em instantes, certamente correria para pedir ajuda a um psicólogo. 

No entanto, todas essas características, aplicáveis a qualquer adolescente, se juntam com outro traço típico neles: falam pouco ou nada com seus pais ou outros adultos. Simplesmente “não tem nada a ver”. Nessa idade, seus confidentes são os amigos, que estão tão perdidos quanto eles, de modo que não podem ajudá-los muito. Muito menos recomendar, a não ser estejam muito mal, que consultem um psicólogo.

Assim, em uma fase de mudanças muito bruscas e decisivas, durante a qual é preciso demonstrar seu valor e sua recém adquirida independência e autonomia, o que os adolescentes fazem? O que for possível para conseguir mudanças rápidas que lhes permitam demonstrar, por um lado, que podem fazer tudo sozinhos, e, por outro, resolver os problemas rapidamente, sem muita análise:

  • Engordei? Paro de comer.
  • Não estou muito forte? Passo o dia fazendo musculação, andando de bicicleta e correndo.
  • Tenho espinhas? Acabo com elas no banho.

Essa maneira de agir não é considerada um problema até que, passado algum tempo, a crua realidade se revela: se paro de comer, perco as forças e passo o dia inteiro com fome; se me dedico à atividade física a ponto de não ter tempo para estudar, repito de ano; se cutuco as espinhas, fico com marcas e é pior etc.

É então que o adolescente pede ajuda, mas ela vem em forma de queixa e de irritação consigo mesmo – por não ter conseguido resolver o problema sozinho –, e com os pais – porque eles dizem justamente o que não querem ouvir.

Para completar, os pais aproveitam esse momento de poder para lembrar os filhos de que tinham razão e para criticar seu comportamento. Já é possível imaginar o capítulo seguinte da história: conflitos e brigas.

Como lidar com os filhos adolescentes?

É importante saber como administrar esses problemas para evitar disputas constantes. Vejamos como fazer isso com um exemplo concreto muito comum nessa fase:

Conflito: Minha filha não gosta muito da aparência da barriga e das pernas e reclama a respeito desde os 7 ou 8 anos. Não quer colocar biquíni e termina os dias triste, confessando que em um ou outro conflito o corpo dela era a questão. O mesmo acontece quando vai comprar roupa.

Situação habitual: Quase todas as meninas até os 11 ou 12 anos começam a mudar e precisam de tempo sozinhas. Distanciam-se das mães, lhes dão menos atenção e o critério e a opinião delas passam para segundo plano – ou até para o plano contrário.

O que quero como mãe ou pai? Quero que minha filha entenda e sinta que esse é o corpo que tem, que provavelmente será assim a vida toda, e que ficar irritada com ele não só é contraproducente para sua felicidade, mas também inútil. Como conseguir isso?

O foco deve mudar. É preciso tentar administrar essas emoções de insatisfação com a imagem pessoal (a principal, durante a adolescência) utilizando outra perspectiva:

  1. 1. Prever que, na adolescência, esse tipo de situação vai acontecer. Uma vez que a adolescente não ouvirá a mãe, esta precisa começar a agir antes.
  2. 2. Ouvir as preocupações da filha e tentar sentir empatia por ela. Não minimizar os sentimentos dela nem julgá-los – além de não ajudar, essa atitude a afastará.
  3. 3. Transmitir-lhe que se uma questão é importante para ela, também é para os pais. Juntos encontrarão as soluções.
  4. 4. Entender que é normal que a filha se irrite e se frustre. Não recriminá-la por se preocupar tanto com a autoimagem.
  5. 5. Experimentar quais opções ou soluções tranquilizam a filha ou a deixam menos insatisfeita.
  6. 6. Transmitir, aos poucos, que a ausência de insatisfação não é possível na vida. Dar exemplos de pessoas próximas de quem ela gosta e com quem tem boa relação a respeito de aceitação dos próprios “defeitos”. Por exemplo, a tia não gosta muito do próprio cabelo, mas encontrou um corte que a favorece etc.
  7. 7. Lembrar de reforçar e reconhecer com orgulho tudo que a filha fizer bem, pois essa é a melhor fonte de autoestima para os adolescentes.

Projeto de Vida para Adolescentes

Reflexões e ações rumo à vida adulta

Desenhar um projeto de vida na adolescência é importante, pois o jovem precisa vislumbrar sua vida adulta de forma independente quando está mais vulnerável a se envolver em situações de risco que podem comprometer todo seu futuro.

Projeto de Vida é um conjunto de reflexões e estratégias baseadas nos desejos, objetivos e expectativas de uma pessoa.

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, a adolescência é a fase entre 12 e 18 anos. Esse período marca um momento de amadurecimento cerebral, de intensidade nas relações humanas, de importantes descobertas e de novas oportunidades para a vida. Além disso, a adolescência é influenciada por valores e expectativas sociais e culturais que podem tanto pressionar negativamente o jovem quanto apoiá-lo rumo à vida adulta. Tendência à exploração, vontade de se arriscar e procura por novas relações e aventuras são características marcantes da transição entre a infância e a vida adulta.

Uma das funções mais importantes da adolescência é estabelecer a independência em relação à família para construir a própria identidade e as bases da vida futura. Por isso, oferecer ao adolescente um ambiente acolhedor de reflexão em casa e na escola é fundamental para seu desenvolvimento. Nesse contexto, construir com o jovem um projeto de vida o ajudará a definir caminhos saudáveis e alinhados com sua personalidade na jornada rumo à maturidade.

O que é um projeto de vida?

É um conjunto de reflexões e estratégias baseadas nos desejos, objetivos e expectativas de uma pessoa. O projeto de vida deve considerar não somente os aspectos individuais, mas também a cultura local onde a pessoa está inserida e o contexto mundial.

A adolescência é um período particularmente importante para a construção de um projeto de vida, pois o jovem precisa vislumbrar sua vida adulta de forma independente quando está mais vulnerável a envolver em situações de risco que podem comprometer todo seu futuro.

Objetivos de um projeto de vida

Os objetivos do projeto de vida estão ligados à reflexão sobre si mesmo, os outros e a sociedade para, a partir daí, desenhar estratégias de vida e de trabalho. O projeto de vida deve incentivar o autoconhecimento, a clareza sobre os próprios talentos, limitações e aspirações, e a melhora das relações humanas. Além disso, é fundamental, na adolescência, que o projeto de vida seja orientado tanto pelos pais quanto pela escola com o intuito de conectar o cotidiano escolar à vida e às transformações mundiais. Dessa forma, será mais fácil para o jovem fazer escolhas profissionais e pessoais adequadas e lidar com as perdas que fazer opções necessariamente impõe.

Quais habilidades devem ser desenvolvidas através do projeto de vida?

A construção de um projeto de vida é uma excelente oportunidade para o adolescente desenvolver técnicas de autoconhecimento e reflexão sobre si mesmo e sobre o mundo. É uma ferramenta muito útil para a construção da identidade em um momento de separação dos modelos parentais.

Além disso, enquanto o adolescente passa pelo processo de reflexão e ação ligados ao projeto de vida, exige-se que desenvolva a capacidade de gerenciar seu tempo, planejar, pensar de forma crítica, gerir suas emoções, tomar decisões adequadas e resolver problemas e desafios.

Outro ponto importante é o estabelecimento de maior autonomia e senso de responsabilidade em relação às próprias atitudes e decisões, o que, consequentemente, promove um empoderamento importante que consolida uma autoestima saudável do jovem. O foco central de um projeto de vida deve ser tanto a vida presente quanto o futuro.

Como fazer?

O projeto de vida pode ser construído de várias formas, dependendo da cultura escolar e familiar e da personalidade do jovem. Alguns pontos devem ser considerados na elaboração de um formato de projeto de vida:

  • Criar um ambiente acolhedor e sem julgamentos. O adolescente deve se sentir à vontade para se abrir e pensar com o adulto. Por exemplo, na escola ele pode escolher um professor-mentor com o qual se identifique para ajudá-lo no processo.
  • Participar de projetos interdisciplinares com temas geradores ligados a autoconhecimento, estratégias de vida, possibilidades profissionais, impacto social e propósito de vida. De forma personalizada, o jovem pode “aprender e refletir fazendo” e se lançando em desafios que testarão suas competências.
  • Explorar ferramentas de autoconhecimento que façam sentido para ele. Meditação, psicoterapia e aplicativos focados em bem-estar podem constituir um bom tripé de desenvolvimento emocional.
  • Visitar e entrevistar pessoas que inspirem o adolescente pessoal e profissionalmente.
  • Utilizar tecnologias que favoreçam a gestão do tempo, a organização e a gestão de projetos pessoais e escolares.
  • Criar maneiras de ajudar o adolescente a mapear e identificar situações de perigo em potencial: brigas, dependências variadas, promiscuidade sexual e comportamentos de risco em geral. A capacidade de reconhecer e antecipar situações arriscadas pode proteger o jovem por toda a vida.
  • Identificar maneiras de continuar brincando. O brincar tem uma continuidade que começa na infância, passa pela adolescência e permanece na vida adulta. Estabelecer a relação do que era prazeroso na infância e o que proporciona prazer hoje é uma ferramenta de autoconhecimento e identificação de propósito de vida.

Desafios

Construir um bom projeto de vida na adolescência apresenta alguns desafios. É característica do jovem criar muitas expectativas que, em algum momento, serão confrontadas. Auxiliar nesse processo de frustração e choque de realidade é papel essencial de pais e educadores. Como a adolescência é um período delicado, é fundamental que os adultos consigam enxergar essa fase de maneira positiva e não com preconceitos já estabelecidos.

Considerar o adolescente como “aborrecente” nos impede de ver o indivíduo de forma ampla e repleta de oportunidades de desenvolvimento. Outro desafio essencial é conseguir manter a esperança na vida e no futuro. A esperança é um fator de proteção para o adolescente porque favorece a determinação e a resiliência para enfrentar os desafios da jornada rumo à maturidade.

Novos olhares sobre a lição de casa

Este mundo impactado por mudanças profundas impõe reflexões sobre a eficácia da lição de casa tradicional

Portrait of a girl taking notes in the classroom

Uma rotina sobrecarregada com excesso de deveres pode ser prejudicial para desenvolver o prazer por aprender – uma competência fundamental para a vida no século 21.

O excesso de deveres pode ser prejudicial para desenvolver o prazer por aprender

Escolas de países que apresentam altos desempenhos em Educação têm proposto formatos criativos para a lição de casa porque entendem que uma rotina sobrecarregada com excesso de deveres pode ser prejudicial para desenvolver o prazer por aprender – uma competência fundamental para a vida no século 21.

Fernanda Furia, psicóloga especialista em infância e adolescência, relata os benefícios de alguns exemplos interessantes, como a leitura pelo prazer, o brincar livre e as atividades em família. Essa é uma boa notícia para os pais – afinal, quem gosta do papel de “policial da lição de casa” quando chega do trabalho?

Os perigos da dependência tecnológica em crianças e adolescentes

As tecnologias digitais produzem um efeito hipnótico que pode nos manter por horas a fio em frente das telas.

Design sem nome (4)

Saiba ler os sinais de alerta de dependência tecnológica e entenda por que é importante ser um modelo de equilíbrio com relação ao uso das novas tecnologias.

É inegável: passamos cada vez mais tempo jogando, navegando, trabalhando e assistindo a vídeos na internet, não é mesmo? Só que o ambiente virtual nos afeta emocionalmente porque pelas redes sociais e pelos jogos temos a ilusão de aceitação e de interação social. Além disso, essas ferramentas produzem um efeito hipnótico que pode nos manter por horas a fio em frente das telas.

Fernanda Furia, psicóloga especialista em infância e adolescência, faz um alerta: “Para crianças e adolescentes que ficam horas na frente do computador ou do celular está se fechando uma janela de oportunidade no desenvolvimento que não se abrirá mais”. Eles deixam de brincar, de fazer atividades ao ar livre e de estabelecer conexões reais com as pessoas e com o mundo para ficar diante de uma tela.

Saiba ler os sinais de alerta de dependência tecnológica e entenda por que é importante ser um modelo de equilíbrio com relação ao uso das novas tecnologias. “Esse é um dos caminhos poderosos para proteger nossos filhos dos riscos e também para aproveitar as oportunidades inéditas que surgirão com o avanço tecnológico”, diz Fernanda no novo vídeo.

Os perigos da dependência tecnológica em crianças e adolescentes

As tecnologias digitais produzem um efeito hipnótico que pode nos manter por horas a fio em frente das telas.

 

Saiba ler os sinais de alerta de dependência tecnológica e entenda por que é importante ser um modelo de equilíbrio com relação ao uso das novas tecnologias. 

É inegável: passamos cada vez mais tempo jogando, navegando, trabalhando e assistindo a vídeos na internet, não é mesmo? Só que o ambiente virtual nos afeta emocionalmente porque pelas redes sociais e pelos jogos temos a ilusão de aceitação e de interação social. Além disso, essas ferramentas produzem um efeito hipnótico que pode nos manter por horas a fio em frente das telas.

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